Desafio Weekend 21 – Língua Portuguesa/Redação – A Proposta De Intervenção - 05/10/2022

05 de outubro de 2022

MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

  • COMPETÊNCIAS DE REDAÇÃO

Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos

humanos.

QUESTÃO 01  

(ENEM/2012-Adaptada) Leia o texto a seguir.

A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?

CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidência que

(A) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
(B) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
(C) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
(D) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
(E) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

QUESTÃO 02

(ENEM/2017-Adaptada) Leia o texto a seguir.

O jornal vai morrer. É a ameaça mais constante dos especialistas. E essa nem é uma profecia nova. Há anos a frase é repetida. Experiências são feitas para atrair leitores na era da comunicação nervosa, rápida, multicolorida, performática. Mas o que é o jornal? Onde mora seu encanto?
O que é sedutor no jornal é ser ele mesmo e nenhum outro formato de comunicação de ideias histórias, imagens e notícias. No tempo das muitas mídias, o que precisa ser entendido é que cada um tem um espaço, um jeito, uma personalidade.

Quando surge uma nova mídia, há sempre os que a apresentam como tendência irreversível, modeladora do futuro inevitável e fatal. Depois se descobre que nada é substituído e o novo se agrega ao mesmo conjunto de seres através dos quais nos comunicamos.
Os jornais vão acabar, garantem os especialistas. E, por isso, dizem que é preciso fazer jornal parecer com as outras formas da comunicação mais rápida, eletrônica, digital. Assim, eles morrerão mais rapidamente. Jornal tem seu jeito. É imagem, palavra, informação, ideia, opinião, humor, debate, de uma forma só dele.

Nesse tempo tão mutante em que se tuíta para milhares, que retuítam para outros milhares o que foi postado nos blogs, o que está nos sites dos veículos on-line, que chance tem um jornal de papel que traz uma notícia estática, uma foto parada, um infográfico fixo?
Terá mais chance se continuar sendo jornal.

LEITÃO, M. Jornal de papel. O Tempo, n. 5 684, 8 jul. 2012 (adaptado).

Muito se fala sobre o impacto causado pelas tecnologias da comunicação e da informação nas diferentes mídias. A partir da análise do texto, conclui-se que essas tecnologias

(A) mantêm inalterados os modos de produção e veiculação do conhecimento.
(B) provocam rupturas entre novas e velhas formas de comunicar o conhecimento.
(C) modernizam práticas de divulgação do conhecimento hoje consideradas obsoletas.
(D) substituem os modos de produção de conhecimentos oriundos da oralidade e da escrita.
(E) contribuem para a coexistência de diversos modos de produção e veiculação de conhecimento.

QUESTÃO 03

(ENEM/2014-Adaptada) Leia o texto a seguir.

O Brasil é sertanejo

Que tipo de música simboliza o Brasil? Eis uma questão discutida há muito tempo, que desperta opiniões extremadas. Há fundamentalistas que desejam impor ao público um tipo de som nascido das raízes socioculturais do país. O samba. Outros, igualmente nacionalistas, desprezam tudo aquilo que não tem estilo. Sonham com o império da MPB de Chico Buarque e Caetano Veloso. Um terceiro grupo, formado por gente mais jovem, escuta e cultiva apenas a música internacional, em todas as vertentes. E mais ou menos ignora o resto.

A realidade dos hábitos musicais do brasileiro agora está claro, nada tem a ver com esses estereótipos. O gênero que encanta mais da metade do país é o sertanejo, seguido de longe pela MPB e pelo pagode. Outros gêneros em ascensão, sobretudo entre as classes C, D e E, são o funk e o religioso, em especial o gospel. Rock e música eletrônica são músicas de minoria.

É o que demonstra uma pesquisa pioneira feita entre agosto de 2012 e agosto de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). A pesquisa Tribos musicais – o comportamento dos ouvintes de rádio sob uma nova ótica faz um retrato do ouvinte brasileiro e traz algumas novidades. Para quem pensava que a MPB e o samba ainda resistiam como baluartes da nacionalidade, uma má notícia: os dois gêneros foram superados em popularidade. O Brasil moderno não tem mais o perfil sonoro dos anos 1970, que muitos gostariam que se eternizasse. A cara musical do país agora é outra.
GIRON, L. A. Época, n. 805, out. 2013 (fragmento).

O texto objetiva convencer o leitor de que a configuração da preferência musical dos brasileiros não é mais a mesma da dos anos 1970. A estratégia de argumentação para comprovar essa posição baseia-se no/a

(A) apresentação dos resultados de uma pesquisa que retrata o quadro atual da preferência popular relativa à música brasileira.
(B) caracterização das opiniões relativas a determinados gêneros, considerados os mais representativos da brasilidade, como meros estereótipos.
(C) uso de estrangeirismos, como rock, funk e gospel, para compor um estilo próximo ao leitor, em sintonia com o ataque aos nacionalistas.
(D) ironia com relação ao apego a opiniões superadas, tomadas como expressão de conservadorismo e anacronismo, com o uso das designações “império” e “baluarte”.
(E) contraposição a impressões fundadas em elitismo e preconceito, com a alusão a artistas de renome para melhor demonstrar a consolidação da mudança do gosto musical popular.

QUESTÃO 04

Leia este parágrafo de conclusão, proposta de intervenção, da Redação nota 1000, de Fernanda Quaresma, 20 anos – Iguaracy (PE).

Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e identidade.

Disponível em: encurtador.com.br/bfsF5. Acesso em: 03 out. 2022.

Será considerada uma boa proposta de intervenção aquela que, além de estar de acordo com a argumentação apresentada, for capar de apresentar os elementos que constituem sua estrutura: agente, ação, meio/modo, detalhamento, finalidade.

No parágrafo de Fernanda Quaresma, caracteriza-se como ação a

(A) “Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil”.
(B) “garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo”.
(C) “mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação”.
(D) “ampliar o acesso aos cartórios de registro civil”.
(E) “toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e identidade”.

QUESTÃO 05

Leia o trecho da redação nota 1000 a seguir.

Fica evidente, portanto, a necessidade de garantir o acesso à cidadania para todos no Brasil. Destarte, o Governo Federal, responsável por administrar o povo e os interesses públicos, com o apoio do Ministério da Cidadania, a partir de medidas governamentais destinadas à pasta, deve disponibilizar benefícios financeiros sociais para cidadãos que não tenham como pagar a retirada de um registro civil. Essa ação será realizada com o intuito de custear a posse desse documento importante, para que também, a sociedade não naturalize a intolerância que a permeia. Dessa maneira, com a conjuntura de tais ações, os brasileiros verão o direito garantido pela Constituição, como uma realidade.

Disponível em: encurtador.com.br/pr Acesso em: 03 out. 2022.

Na construção, “Destarte, o Governo Federal, responsável por administrar o povo e os interesses públicos […]”, o conector discursivo destacado exprime ideia de

(A) explicação.
(B) oposição.
(C) finalidade.
(D) conclusão.
(E) soma, adição.