Semana 32 – Língua Portuguesa – 3ª Série – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. - 21/10/2021

21 de outubro de 2021

ATIVIDADE 01  

(MAISIDEB-adaptada) Leia o texto a seguir.

Senhora

Aurélia passava agora as noites solitárias. Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para justificar sua ausência. A menina que não pensava em interrogá-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao contrário buscava afastar da conversa o tema desagradável.

[…]

Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; e, pois, toda a afeição que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se lembrava que esse amor a poupara à degradação de um casamento de conveniência, nome com que se decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus e redentor.

Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heroica dedicação, que, entretanto, assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe retribuía o homem amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem fazer um esforço para reter a ventura que foge.

Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos abstemos; porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o caos do mundo moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir nesses limbos.

ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107-8. Fragmento.

O narrador revela uma opinião no trecho:

(A) “Aurélia passava agora as noites solitárias. ”
(B) “[…] buscava afastar da conversa o tema desagradável. ”
(C) “[…] tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus […].”
(D) “[…] e se deixa abandonar, sem proferir um queixume […].”
(E) “Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica […].”

ATIVIDADE 02  

(SAEPE-adaptada) Leia o texto a seguir.

O guarani

A cúpula da palmeira, em que se achavam Peri e Cecília, parecia uma ilha de verdura banhando-se nas águas da corrente; as palmas que se abriam formavam no centro um berço mimoso, onde os dois amigos, estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só morte, pois uma só era a sua vida. […]

– […] Peri vencerá a água, como venceu a todos os teus inimigos. […]

Falou com um tom solene:

“Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíram, e começaram a cobrir toda a terra. Os homens subiram ao alto dos montes; um só ficou na várzea com sua esposa.

Era Tamandaré; forte entre os fortes; sabia mais que todos. […]

Tamandaré tomou sua mulher nos braços e subiu com ela ao olho da palmeira; aí esperou que a água viesse e passasse; a palmeira dava frutos que os alimentavam.

A água veio, subiu e cresceu; o sol mergulhou e surgiu uma, duas e três vezes. A terra desapareceu; a árvore desapareceu; a montanha desapareceu.

A água tocou o céu; e o Senhor mandou então que parasse. O sol olhando só viu céu e água, e entre a água e o céu, a palmeira que boiava levando Tamandaré e sua companheira. […]

Quando veio o dia, Tamandaré viu que a palmeira estava plantada no meio da várzea; e ouviu a avezinha do céu, o guanumbi, que batia as asas. […]”

Cecília o ouvia sorrindo, e bebia uma a uma as suas palavras, como se fossem as partículas do ar que respirava; parecia-lhe que a alma de seu amigo, […] desprendia do seu corpo, […] e vinha embeber-se no seu coração, que se abria para recebê-la.

A água subindo molhou as pontas das largas folhas da palmeira, e uma gota, resvalando pelo leque, foi embeber-se na alva cambraia das roupas de Cecília. […]

Peri, alucinado, suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas de água, e com esforço desesperado, cingindo o tronco da palmeira nos seus braços hirtos, abalou-o até as raízes. […]

Ambos, árvore e homem, embalançaram-se no seio das águas: a haste oscilou; as raízes desprenderam-se da terra já minada profundamente pela torrente.

A cúpula da palmeira, embalançando-se graciosamente, resvalou pela flor da água como um ninho de garças ou alguma ilha flutuante, formada pelas vegetações aquáticas.

Peri estava de novo sentado junto de sua senhora quase inanimada e, tomando-braços, disse-lhe com um acento de ventura suprema:

− Tu viverás!… […]

A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia…

 E sumiu-se no horizonte.

ALENCAR, José de. O guarani. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/literatura/obras_completas_literatura_brasileira_e_portuguesa/JOSE_ALENCAR/GUARANI/P4_C11.HTML. Acesso em: 5 jun. 2012. Fragmento.

Há uma opinião expressa no trecho:

(A) “[…] parecia uma ilha de verdura banhando-se nas águas da corrente […]”.)
(B) “[…] estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só morte […].”
(C) “[…]Tamandaré viu que a palmeira estava plantada no meio da várzea […].”
(D) “[…] vinha embeber-se no seu coração, que se abria para recebê-la.”
(E) “[…] tomando-a nos braços, disse-lhe com um acento de ventura […].”

Disponível em: http://gg.gg/vpyci. Acesso em: 08 ago. 2021.

ATIVIDADE 03  

(SAEPE-adaptada) Leia o texto a seguir.

O pai telefona para casa:
– Alô?
– …
Reconhece o silêncio da tipinha. Você liga?

Quem fala é você.
– Alô, fofinha.
Nem um som. Criança não é para ser chamada
fofinha. Cinco anos, já viu.
– Oi, filha. Sabe que eu te amo?
– Eu também.
“Puxa, ela nunca disse que me amava”.
– Também o quê?
– Eu também amo eu.

CRIANÇAS (seleção). Curitiba, 2001. p. 31. Disponível em: http://www.releituras.com/daltontrevisan_crianca.asp.

Em qual dos trechos desse texto está expressa a opinião do narrador?

(A) “Reconhece o silêncio da tipinha.”
(B) “Criança não é para ser chamada de fofinha.”
(C) “– Oi filha. Sabe que eu te amo?”
(D) “Puxa, ela nunca disse que me amava.”
(E) “Eu também amo eu.”

ATIVIDADE 04  

(SAEMS-adaptada) Leia o texto a seguir.

A disciplina do amor

Foi na França, durante a segunda grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe. Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo?

Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera. O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias.

Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.

TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Disponível em: http://jana-buscandosentidos.blogspot.com/2006/09/disciplina-doamor.html. Acesso em: 18 mar. 2010.

Nesse texto, a opinião da autora aparece no trecho:

(A) “Foi na França, durante a segunda grande guerra […]”.
(B) “A vila inteira já conhecia o cachorro […].”
(C) “[…] como se tivesse um relógio preso à pata […].”
(D) “[…] as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado […].”
(E) “Casou-se a noiva com um primo.”

Disponível em: http://gg.gg/vpyci. Acesso em: 08 ago. 2021.

Programa Seduc em Ação, transmitido pela TV Brasil Central – videoaulas referentes à semana 32.