Gênero Resenha crítica ou opinativa – Atividade 1 - 21/01/2021

      RESENHA CRÍTICA

      A resenha crítica é texto que avalia uma manifestação cultural, filme, peça de teatro, show, exposição, com o objetivo de orientar o leitor. Sua função social é comentar e avaliar obras e espetáculos para que o leitor possa ter informações e avaliações. O gênero circula em diferentes veículos de comunicação como jornais, revistas, blogs, vlogs e, a depender desse veículo, pode estar voltada a diferentes públicos. Ao explorar tal gênero na escola, espera-se desenvolver a capacidade argumentativa do estudante com foco na exposição de suas apreciações e posicionamentos diante desses textos.

É importante informar que há também a resenha descritiva, nela o autor da resenha apenas descreve e correlaciona informações acerca do tema, filme ou livro resenhado. Não há espaço para a opinião do autor nesse texto, sendo, portanto, uma composição informativa.

Disponível em: https://novaescola.org.br/plano-de-aula/3029/analise-de-resenha-critica Acesso em 02 de nov. de 2020.


Passo a passo para fazer uma resenha

Para produzir uma boa resenha, é muito importante:

* Ler com muita calma e atenção o texto que será resenhado. De preferência, faça duas ou três leituras prévias.

* Fazer anotações no texto original durante os processos de leitura.

* Resumir de modo claro, objetivo e conciso todas as informações importantes do texto. Dos resumos, costumam-se excluir exemplos ou repetições de conceitos.

* Construir apontamentos segundo o tipo de resenha que será produzida – descritiva ou opinativa – e acrescentar tais apontamentos junto aos resumos já produzidos.

* Emitir um julgamento de verdade, no caso da resenha descritiva ou de valor, na resenha crítica. Nesta última, a fundamentação também é necessária;

* Revisar o texto final da resenha, verificando se, de fato, todas as informações importantes foram resumidas, e se os apontamentos feitos estão de acordo com as suas expectativas.

Em se tratando de termos estruturais, pode-se dizer que o gênero possui uma estrutura livre. Tal afirmativa não quer dizer que não seja prioritário o relatar de seus principais aspectos. De modo contrário, faz-se necessário o destaque de alguns elementos, tais como:

  1. O título da obra analisada
  2. A referência bibliográfica da obra: Autor (es), título, subtítulo, local da edição, editora e data.
  3. Apresentação do autor: Quem? Nome e informações mais importantes sobre o autor.
  4. O resumo ou síntese da obra: Elabore um resumo do filme, apresentando os personagens, o problema, o desfecho, as informações mais relevantes sobre a obra.
  5. Perspectiva teórica da obra: Diretor, quando foi publicada, do que trata, possui alguma característica especial
  6. Reflexões críticas da obra: Dê sua opinião a respeito do que você observou no filme, citando:
  •   * Pontos positivos e negativos;
  •   * Destaques;
  •   * Momentos mais interessantes;
  •   * Atuação dos atores;
  •   * Características do cenário, do figurino etc;
  •   * Cite alguma curiosidade a respeito do filme ou dos seus bastidores que você tenha descoberto na sua pesquisa.

Disponível em: https://www.portugues.com.br/redacao/resenha.html Acesso em 29 de out. 2020.

Quanto à extensão do texto, a resenha pode variar conforme o espaço para o qual ela é destinada. Geralmente é um texto mais curto, assemelhando-se a um resumo acrescido de outras informações e reflexões sobre a obra. A título de constatação acerca de tais pressupostos, observe a seguir um exemplo representativo de uma resenha crítica:

1. O TÍTULO

RESENHA DO FILME “OS MISERÁVEIS”

Gabriela Galdino da Costa*

2. REFERÊNCIA DA OBRA EM ANÁLISE

OS MISERÁVEIS. Roteiro de Victor Hugo adaptado por Rafael Yglesias, direção de Bille August, produção de James Gorman e Sarah Radclyff. EUA: 1998. 1 DVD (131 min); Filme-vídeo; NTSC, son., color., Legendado. Port.

Imagem disponível em: https://www.papodecinema.com.br/filmes/os-miseraveis/Acesso: 29, out. 2020.

3. APRESENTAÇÃO DO AUTOR

Nascido em 1802, o francês Victor-Marie Hugo foi um ativo defensor dos direitos humanos na França. Sua infância passou-se em meio a importantes eventos históricos, entre eles, a ascensão do império napoleônico, de maneira que a divergência das forças políticas que lutavam pela supremacia francesa era refletida na oposição de ideais políticos e religiosos de sua própria família. O pai, oficial de posição respeitada no exército de Napoleão, mostrava-se ferrenho defensor do imperador, por outro lado, a mãe era uma católica radical, defensora da Casa Real. As primeiras obras do autor emitem uma devoção ao rei e à fé. Somente após os eventos que culminaram na Revolução de 1848, ele passou a questionar sua educação católica e monarquista, dedicando-se a exaltar o republicanismo e o livre pensamento.

4. BREVE SÍNTESE DA OBRA

Segundo a versão de 1998, ao cumprir 19 anos de trabalhos forçados nas galés por ter furtado comida, Jean Valjean (Liam Neeson) sai da prisão levando consigo um novo documento de identificação. Este carregava, na cor e na mensagem escrita, a notável intenção de mostrar para a sociedade que ali havia um homem temível. Em busca de abrigo e comida, o protagonista é ajudado por um bispo que lhe dá alimento e o recebe em sua própria residência.

Contudo, externando rancor e ódio da lei, da sociedade, do sistema e, por conseguinte, da humanidade, Valjean leva a prataria da casa e agride seu protetor. Capturado pela polícia, alega ter sido presenteado pelo bispo, que, inesperadamente, confirma a falsa história. A benfeitoria do clérigo é vista como uma nova oportunidade para o galé, que volta a crer na bondade humana e promete “tornar-se um novo homem”.

Anos depois, sob nova identidade, torna-se dono de uma fábrica de tecidos e prefeito, assim, sua vida segue pacata, até que o inspetor Javert (Geoffrey Rush) – antigo guarda da prisão, seguidor obsessivo e inflexível da lei – suspeita que o prefeito seja, na verdade, um ex-prisioneiro. Surge, então, a personagem Fantine (Uma Thurman), uma das empregadas da fábrica de Valjean, que, após perder o emprego e tendo que manter uma filha, cuidada à distância por terceiros, passa a se prostituir e acaba sendo presa. Valendo-se da lei que lhe garante autoridade, Jean a liberta e a acolhe em sua casa.

Adiante, a fim de livrar um acusado que seria preso em seu lugar, Jean Valjean, sente-se obrigado a revelar sua identidade, feito isso, Javert passa a persegui-lo incansavelmente. Nesse meio tempo, Fantine morre, e sua filha, Cosette (Claire Danes), é resgatada e cuidada por Valjean, que foge e esconde-se de seu algoz durante anos.

Ao longo da obra, Valjean tem mais de uma oportunidade de matar o inspetor e não o faz, por fim, o próprio Javert comete suicídio, tomado por uma confusão mental, visto que, embora acreditasse intimamente que o ex-prisioneiro merecesse a liberdade, sentia-se na obrigação de cumprir a lei a qualquer custo.

5. PESPECTIVA TEÓRICA DA OBRA

No final do século XVIII a França iniciou um processo de transformação que modelou as estruturas das modernas sociedades mundiais. A revolução Francesa e as de 1830 e 1848, em Paris, apresentaram novas ideologias que se expandiram por diversas nacionalidades e contribuíram para que estas conquistassem suas independências e derrubassem regimes políticos já desgastados, substituindo-os por outros mais justos, voltados para a liberdade de suas populações. Os poetas e romancistas que retrataram essa época são igualmente lembrados mundialmente – é o caso de Chateaubriand e Victor Hugo.

Contudo, a sociedade francesa enfrentou diversas dificuldades econômicas e calamidades: a instabilidade política, unida à “má industrialização”, disseminou o sofrimento da população, provocado pela fome, miséria, alto índice de criminalidade, desemprego, prostituição, crise econômica e social. Devido a isso, eclodiram diversas revoltas civis, que mobilizavam uma grande quantidade de pessoas, independente de classe social.

Sendo assim, “Os Miseráveis” aborda criticamente o sofrimento de boa parte da população francesa, ao longo do século XIX, exibindo a miséria e os antagonismos políticos do período. Insere o sofrimento e os preconceitos, pelos quais passavam os que eram excluídos socialmente, em um contexto de revoluções civis que repercutiam em todos os aspectos da sociedade.

6. REFLEXÕES CRÍTICAS

[…]Acerca dos personagens do filme, entende-se que os protagonistas se enquadram todos como vítimas, daí o título autoexplicativo da obra, que apresenta várias faces da miséria humana, seja a miséria propriamente dita, referente à pobreza (miséria material), seja a miséria de valores sociais e de humanidade (miséria espiritual). Valjean, Fantine e Cosette surgem como vítimas de uma sociedade atroz, da desigualdade e do sistema opressor. Já o policial Javert, sob a égide inexorável de seus princípios, figura como vítima da limitação a ideais que o prendem ao cumprimento da lei, ainda que esta se mostre contrária ao seu senso de justiça – justamente por isso, sufocado pelas consequências emocionais de seus atos, comete suicídio.

A história do filme possui aspectos atemporais, despertando questões a respeito do sistema penal aplicado, hoje, no Brasil, por exemplo. Na época em que se passa a obra, o réu não era sujeito, mas objeto da ação, tanto que o prisioneiro recebia um número de identificação para substituir o seu nome. O objetivo era anular a identidade do homem, enquanto cumpria pena, e sua dignidade, quando voltava a ser “livre”.

Além do mais, não havia preocupação, nem por parte do sistema prisional, nem por interesse público, em reinserir o preso na sociedade. Pelo contrário: ao sair da prisão, adquiria um documento informando que se tratava de um homem perigoso, logo, dificilmente conseguiria emprego e se conseguisse, receberia menos do que os demais, por ser um ex-condenado. Deixar a prisão significava receber “libertação”, mas não a restituição da “liberdade”, visto que se continuava prisioneiro da mácula da condenação.

No filme, nota-se ainda que o protagonista desenvolve, durante o tempo em que ficou preso, uma personalidade agressiva, fundamentada no rancor, no ódio à lei e à sociedade e na descrença em existência de bondade humana. Dessa forma, após 19 anos de prisão, o inofensivo jovem, preso por furtar pães, tornara-se, de fato, um homem temível. […]

[…] Em “Os Miseráveis”, a boa ação do bispo provoca em Jean um processo de “reumanização”, deixando clara a ideia de que o homem pode mostrar-se bom e virtuoso, quando a sociedade deixa de lhe vedar oportunidades.

Diante do exposto, as condições sociais presentes no filme assemelham-se muito às encontradas, hoje, no Brasil. De fato, eram outros tempos, mas o desequilíbrio ainda segue o mesmo. Retornando à questão sobre “quem são os presos brasileiros?”, notavelmente, os presídios nacionais são lotados, em sua maioria, por jovens negros, pobres e semialfabetizados – muitos dos quais são mantidos presos por meses, e até anos, devido a crimes pouco ofensivos, alguns, inclusive, por furto famélico, à semelhança do caso de Valjean. A lógica é a mesma da França de XIX: esconder o lado mais desprezível e egoísta da sociedade, por meio da exclusão irresponsável de seus mais famigerados “miseráveis”.

Disponível em: https://www.google.com/search?q=resenha+cr%C3%ADtica+do+filme+os+miser%C3%A1veis&oq=RESENHA+CR%C3%8DTICA+&aqs=chrome.2.69i59j69i57j35i39j0l5.12104j0j15&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso: out.30, 2020.

Se for possível, assista ao vídeo.



A T I V I D A D E S

1. Explique, com suas próprias palavras, o que você entendeu sobre resenha crítica.

2. Em se tratando de termos estruturais de uma resenha crítica, mesmo sabendo que o gênero possui uma estrutura livre, faz-se necessário o destaque de alguns elementos, quais?

3. Qual é o objetivo e função social da resenha crítica?

4. Diferencie resenha crítica de resenha descritiva.

5. Sobre a resenha crítica é incorreto afirmar que:

a) (    ) é um texto que avalia uma manifestação cultural, filme, peça de teatro, show, exposição, com o objetivo de orientar o leitor.

b) (  ) a função social desse texto é comentar e avaliar obras e espetáculos para que o leitor possa ter informações e avaliações.

c) (   ) o gênero circula em diferentes veículos de comunicação, tais como jornais, revistas, blogs, vlogs e pode estar voltada a diferentes públicos.

d) (  ) ao explorar tal gênero na escola, inibe-se a capacidade argumentativa do estudante, bem como de apreciações e posicionamentos diante desses textos.

6. Quanto às reflexões críticas apresentadas sobre o filme Os miseráveis, marque a única opção que não é verdadeira.

a) (   ) Jean Valjean, Fantine e Cosette surgem como vítimas de uma sociedade atroz, da desigualdade e do sistema opressor.

b) (   ) Acerca dos personagens do filme, entende-se que os protagonistas enquadram-se todos como vítimas, daí o título autoexplicativo da obra.

c) (   ) As condições sociais presentes no filme em nada se assemelham às encontradas, hoje, no Brasil.

d) (   ) A boa ação do bispo provoca em Jean um processo de “reumanização”, deixando clara a ideia de que o homem pode mostrar-se bom e virtuoso, quando a sociedade deixa de lhe vedar oportunidades.

7. No que diz respeito ao filme Os miseráveis, julgue os itens como corretos (C) ou errados (E).

a) (  ) Segundo a versão de 1998, ao cumprir 19 anos de trabalhos forçados nas galés por ter furtado comida, Jean Valjean (Liam Neeson) sai da prisão levando consigo um novo documento de identificação que o caracteriza como um homem completamente livre.

b) (  ) A benfeitoria do clérigo é vista como uma nova oportunidade para Jean Valjean (Liam Neeson), que volta a crer na bondade humana e promete “tornar-se um novo homem”.

c) (  ) A sociedade francesa enfrentou diversas dificuldades econômicas e calamidades: a instabilidade política, unida à “má industrialização”, a fome, a miséria, o alto índice de criminalidade, o desemprego, a prostituição, a crise econômica e social, porém nenhum desses problemas sociais são discutidos no filme.

d) (  )  “Os Miseráveis” aborda criticamente o sofrimento de boa parte da população francesa, ao longo do século XIX, exibindo a miséria e os antagonismos políticos do período.

8. PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE RESENHA CRÍTICA

Escreva uma RESENHA CRÍTICA sobre algum filme que você já assistiu e achou interessante. Se puder, assista-o novamente prestando atenção na história, nos personagens, cenário, costumes, efeitos espaciais, tempo e etc.

Siga as orientações apresentadas anteriormente e os seis elementos estruturais de uma resenha crítica, apresentados nos textos.

Se for possível, você pode baixar ou imprimir a sua atividade.