AULA 07/2022 – Artigo de opinião. - 01/04/2022

Artigo de Opinião

Disponível em: https://proenem.com.br/enem/redacao/artigo-de-opiniao/ Acesso em 01 de abr. de 2022.

O artigo de opinião, trata de temas variados que estejam em evidência na mídia. Apresenta um posicionamento em relação a eles e faz referência constante a eventos de interesse social e a personalidades que se destaquem na política, na arte, nos esportes, na cultura e na ciência.

O texto, no artigo de opinião, é bem objetivo e apresenta uma estrutura básica: título; parágrafo introdutório, no qual os elementos principais da ideia a ser retratada são evidenciados; desenvolvimento, no qual são expostos os argumentos em defesa de um ponto de vista; e conclusão, na qual ocorre o fechamento de todas as ideias abordadas ao longo do discurso.

A seguir, faça a leitura do Artigo de Opinião para responder às atividades abaixo.

Muitas pessoas estão recorrendo à tecnologia para viver normalmente, mesmo que isso exija o uso de medicamentos ou implantes. Então, em termos de tecnologia, será que somos tão normativos assim? Leia o artigo de opinião abaixo e posicione-se sobre ele.

Você quer ser um ciborgue?

Nossa integração com a tecnologia já está nos transformando numa outra espécie

Como definir o ser humano? É o nosso corpo? Nosso genoma? Nosso comportamento? Nossa autoconsciência, nossa compaixão? Nossas mentes? Talvez todas essas opções e algumas outras? O que, agora, pode ser óbvio para a maioria das pessoas ficará cada vez menos, devido à integração progressiva de tecnologias dentro e fora dos nossos corpos.

De acordo com o dicionário que vem no meu laptop, “transumanismo” é definido como “a crença ou teoria de que a espécie humana pode evoluir além de suas limitações atuais, físicas e mentais, especialmente através da ciência e da tecnologia”. Parece, sim, filme de ficção científica: pessoas voando com suas asas violeta, com pele translúcida, capazes de levantar carros com uma mão ou de ter uma memória prodigiosa.

Se você insiste numa definição purista do que significa ser “humano”, criaturas de carne e osso sem intervenções de tecnologias externas, é hora de repensar sua posição: fora comunidades isoladas, poucos no mundo de hoje são humanos “puros”.

Nossa integração com a tecnologia já está nos transformando numa outra espécie.

Considere, por exemplo, os medicamentos. Se você toma algum remédio que muda a sua química, por exemplo, contra a depressão ou pressão alta, você não é o mesmo. Você é quem você era antes mais o medicamento. Apesar de essa transformação não ir muito além do nosso estado humano atual, é já uma mudança, que ajuda milhões de pessoas no mundo, prolongando a vida de muitas delas.

[…]

E os implantes prostéticos? Transformaram positivamente a vida de milhões com problemas variados de locomoção, abrindo possibilidades que, até recentemente, eram impensáveis. Testemunho isso com frequência quando participo de corridas de obstáculos e de ultramaratonas e vejo atletas com uma perna prostética.

Mas o que ocorre quando esses implantes produzem uma vantagem que vai além do que o corpo humano é capaz? Por exemplo, será que atletas com pernas prostéticas de fibras de carbono, desenhadas para produzir maior propulsão, devem competir com atletas que não usam esta tecnologia?

[…]

Estamos já na era transumana. […] E o que dizer da nossa relação com os celulares? Eles são uma extensão de quem somos, indispensáveis na vida diária.

Se esquecemos o nosso em casa, podemos ir ao desespero, “desconectados” do mundo: perdemos memória, nossa agenda de compromissos, a música de que gostamos, a câmera fotográfica, notícias, GPS, e-mail, mídias sociais, jogos… Cada aplicativo que usamos, especialmente os que aumentam a funcionalidade e produtividade, é uma extensão de nossas faculdades mentais, parte de quem somos.

[…]

Nossos cérebros já não são apenas a massa cinzenta dentro de nossos crânios; seus tentáculos digitais espalham-se pelo mundo. Isso é bem diferente de uma ferramenta comum, ou um par de óculos.

E o futuro? O transumanismo continuará a avançar. Tecnologias digitais, algumas incluindo a engenharia genética, serão implantadas nas nossas cabeças e corpos, ou usadas perifericamente, ampliando nossos sentidos e habilidade cognitiva.

Alguns terão aplicações médicas espetaculares, por exemplo, ajudando pacientes que sofrem de degeneração macular. Outros irão modificar nossa relação sensorial com o mundo. Por que nos limitar a ver apenas uma pequena fração do espectro eletromagnético? Que tal enxergar no infravermelho? No ultravioleta? Vamos estender nossa audição, nossa memória, nosso sistema imunológico, nossa longevidade, nossa potência mental.

A pergunta que ninguém respondeu ainda é o que isso vai fazer com a nossa espécie. Estamos tomando as rédeas da evolução em nossas próprias mãos, nos reinventando como espécie. Recentemente, abordamos alguns aspectos negativos disso aqui, em particular com relação à nossa escravidão viciante pelas telas.

Será que nosso destino é, então, nos tornar menos humanos? Parece que sim, se bem que “menos” talvez seja uma qualificação equivocada. Estamos, sim, nos transformando numa nova espécie, e é difícil prever onde isso vai dar sem incluir algum exagero alarmista.

Cada vez que instalamos mais um aplicativo, podemos esperar ao menos que seja lá no que vamos nos tornar, ou no que alguns vão se tornar, que sejam sábios o suficiente para lidar com as desigualdades que certamente vão ocorrer e vão exacerbar tensões sociais. Afinal, não queremos imitar o modelo do Admirável novo mundo, separando a sociedade entre os super-humanos e os meramente humanos.

Marcelo Gleiser

Professor de Física e Astronomia na Universidade Dartmouth

(EUA), autor de “A simples beleza do inesperado”.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2018/08/voce-quer-ser-um-ciborgue.shtml. Acesso em 20 de mar. de 2022.

ATIVIDADES

  1. Por que o texto lido pode ser considerado um artigo de opinião?
  2. Onde é publicado o texto? Quem o escreveu? A quem se destina?
  3. Que ideia é defendida pelo autor do texto?
  4. Cite dois exemplos de transumanismo apresentados pelo autor.
  5. Como é a linguagem do texto? Formal ou informal, simples ou técnica? Utiliza as regras convencionadas pela gramática normativa? Justifique.
  6. Qual a sua opinião em relação à linguagem utilizada por Marcelo Gleiser?
  7. Por que Marcelo Gleiser acaba seu texto citando o modelo do Admirável novo mundo? O que isso dá a entender, pelo contexto do artigo?
  8. No primeiro parágrafo do texto acima, apresenta-se uma expressão a qual utiliza-se o acento grave na função de crase. Identifique esta expressão e a reescreva.

Como vimos na questão acima, há o uso do acento grave ( ` ) na função de crase. Logo, observa-se que crase acontece quando há a fusão ou contração de duas vogais “a” (a + a). Só que as duas letras “a” não podem ter a mesma função. A fusão é de uma preposição “a” com o artigo feminino “a” e, quando isso ocorre, é necessário o uso do acento grave para indicar que há crase.

Por regra geral ocorre crase quando a palavra anterior necessitar de uma preposição (a) e a palavra seguinte pedir um artigo feminino (a).

Ele se referia à filha da vizinha.

Ele se referia a + a filha da vizinha.

Uma dica importante é quando você tiver dúvida se antes do substantivo feminino utilizará crase ou é só um artigo acompanhando o substantivo definido feminino, faça assim: tente passar o substantivo feminino para o masculino e verifique se haverá contração da preposição “a” com o artigo “o”. Observe:

Ele se referia ao filho da vizinha.

Se quando você passar o substantivo para o masculino permanecer apenas o artigo “o” acompanhando o substantivo, sem que ocorra a contração, significa que não ocorre crase no feminino, pois não há preposição. Por exemplo:

Ele não resolveu a questão.

Ele não resolveu o problema.

Casos em que ocorre crase

     • Preposição “a” + “a” inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), e aquilo(s):

Refiro-me àquela jornalista.

Refiro-me àquele jornalista.

Refiro-me àquilo.

     • Preposição “a” + artigo “a”:

Assisti à solenidade.

(Assisti a + a solenidade.)

Não ocorre crase antes de:

     • pronomes pessoais retos e oblíquos – Ofereci a ela assistência jurídica.

     • pronomes de tratamento começados por possessivos – Entregarei a Vossa Majestade os documentos.

     • pronomes indefinidos – Não conte o que aconteceu a ninguém!

     • pronomes demonstrativos esta, essa – Já assisti a esta peça duas vezes!

     • pronomes relativos cuja(s), quem – O livro a cuja autora fiz referência é este.

     • expressões formadas por palavras repetidas – Gota a gota, face a face, frente a frente.

     • palavras femininas no plural (se não houver artigo) – Assisti a palestras interessantíssimas!

     • verbos – Tenho direito a viver, mas preciso me cuidar.

Outros casos

     • Na indicação de horas, para saber se ocorre crase, substitua o termo por “ao meio-dia”. Se der certo, é porque no termo original ocorre crase.

Saí às treze horas. (Saí ao meio-dia.)

     • Com nomes geográficos, junte ao nome do lugar “vim de” ou “vim da”. Se combinar este último termo, ocorre a crase. Observe.

Irei a Brasília. (Venho de Brasília.)

Irei à Suécia. (Venho da Suécia.)

9. Leia a frase do texto Você quer ser um ciborgue? e justifique se a ocorrência da crase é correta.

“Recentemente, abordamos alguns aspectos negativos disso aqui, em particular com relação à nossa escravidão viciante pelas telas.”

10. O orientador pediu _____ você e não _____ mim que fizesse a pesquisa para ser entregue ____ professora.

a) (    ) A – a – à

b) (    ) A – a – a

c) (    ) À – a – à

d) (    ) À – à – à

11. ______semanas, ofereci ajuda _____ vizinha, mas ela recusou ____ minha oferta.

a) (    ) à – à – a

b) (    ) a – a – a

c) (    ) à – a – à

d) (    ) à – a – a

13. Sentou-se ____  direita do chefe e pôs-se ____ reescrever uma ____ uma as páginas do documento.

a) (    ) a – a – à

b) (    ) a – à – a

c) (    ) à – a – a

d) (    ) à – a – à

14. Garanto ____ você que compete ____ ela, pelo menos ____ meu ver, organizar os documentos para a aposentadoria.

a) a – a – a

b) à – à – a

c) a – à – à

d) a – à – a

15. Disse ____ todos que tenho direito ____ receber a homenagem que ____ tempos está sendo organizada pela prefeitura.

a) (    ) a – a – há

b) (    ) à – à – há

c) (    ) à – à – a

d) (    ) a – a – a

16. Uma ____ uma, todas as candidaturas apresentarão ____ contratante a experiência que adquiriram ____ anos.

a) (    ) à – a – a

b) (    ) a – à – há

c) (    ) à – à – a

d) (    ) a – a – há

17. Adriana recorreu ____ escondidas vários ____amigos para chegar ____ decisão.

a) (    ) as – a – àquela

b) (    ) as – à – aquela

c) (    ) às – a – àquela

d) (    ) às – à – aquela

18. Agradeço ____ cada um ____ oportunidade de partilhar minha opinião ____ respeito do assunto.

a) (    ) à – a – à

b) (    ) à – a – a

c) (    ) a – a – à

d) (    ) a – a – a

19. Complete com a, à, as, às.

a) Eu e meus amigos preferimos brincar ______ atrapalhar.

b) Tudo o que ela dizia ____ pessoas era mentira.

c) Gosto muito de bife ____ parmegiana.

d) Vou sair ____ onze horas de casa.

e) Minha intenção é ir ____ Paris.

f ) Eu disse ____ ela tudo o que queria dizer.

g) Saiu ____ passear pela cidade.

h) Limpei cedo ____ casa.

i) Andei ____ pressas pela rua deserta.

j) ____ noite é uma criança.

k) Voltará daqui ____ pouco.

l) Meu maior sonho é ir ____ Europa.

20. Justifique a ocorrência de crase no trecho abaixo:

“No Espaço Interativo de Ciências da Vida, o conteúdo científico sobre o corpo humano se combina à possibilidade de experimentar suas funções em jogos e atividades interativas especialmente projetados.”

Proposta de Produção de Texto

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e dos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um artigo de opinião em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A amizade e as redes sociais”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

O que nos tornou amigos

Tudo começou por puro interesse. Quando os primeiros macacos se tornaram amigos, fizeram isso por motivos bem objetivos – ajudar uns aos outros em lutas contra rivais, no caso dos machos, e cuidar melhor dos filhotes, no caso das fêmeas. A amizade não passava de uma troca de favores. Agora pense nos dias de hoje: com você e os seus amigos, não é assim. Você tem amigos simplesmente porque gosta de estar na companhia deles, certo? Errado. Você continua fazendo amizades por puro interesse – no caso, alimentar o seu cérebro com uma substância chamada ocitocina. 

Em algum momento da Pré-História, a relação com estranhos passou a ser necessária. Provavelmente, isso aconteceu quando grupos de hominídeos começaram a se fixar em uma mesma região, e viver em grupos cada vez maiores. E foi aí que surgiu a forma mais primitiva de amizade. 

[…]

Quando se conhece uma pessoa que lhe pareça confiável, o nível de ocitocina no cérebro aumenta. Isso faz com que a pessoa se sinta mais propensa a criar uma relação com o outro. Ou seja: graças à ocitocina, o cérebro aprendeu a transformar algo que era necessário à sobrevivência – a cooperação – em prazer.

Com a evolução, a amizade deixou de ser imprescindível à sobrevivência do indivíduo. No mundo atual, para obter comida, basta ir a um restaurante. Dá para fazer isso sozinho. Mas é muito desagradável, porque o cérebro está condicionado a fazer alianças. É por isso que procuramos amigos, mesmo que tecnicamente não precisemos deles.

“A ocitocina faz com que tratemos estranhos como se fossem nossa própria família. E a amizade é exatamente isso”, explica o neurologista Paul Zak, da Universidade da Califórnia. Como tudo o que tem base biológica, a amizade afeta os sexos de maneiras diferentes. As mulheres produzem mais ocitocina do que os homens. E isso faz com que seu cérebro se organize para ter amizades profundas. Testes feitos no Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA apontaram que, nas mulheres, as áreas do cérebro ligadas a emoções e produção de hormônios se acendem quando existe a possibilidade de conhecer alguém novo. Nos meninos, isso não acontece. É por isso que as mulheres têm, sim, amizades mais intensas que os homens.

Disponível em: http://super.abril.com.br/comportamento/por-que-fazemos-amigos. Acesso em 20 de mar.de 2022. (Adaptado).

TEXTO II

Quem tem amigo…

[…]

Perder é difícil. No futebol, no totó, no Karaokê, nas disputas mais inocentes. Perder amigo, namorada, perder tempo na vida, é tudo ruim. Mas é preciso aprender a conviver com as perdas profundas, ter certeza de que a vida segue em frente e o amanhã é sempre outro dia.

Amigos. Troço muito bacana. Minha avó dizia que quem tem amigo não morre à mingua. 

E os melhores amigos são aqueles que sabem ficar por perto, mesmo mantendo a distância regulamentar…

PIMENTEL, Luís. 1º de Abril. Belo Horizonte: Dimensão, 2014. P. 47. (Fragmento).

TEXTO III

O cérebro comporta no máximo 150 amigos, divididos em grupos.

Do peito 5 amigos – São os íntimos, com quem você mais fala – e não hesitaria em ligar de madrugada ou pedir dinheiro emprestado. Para Aristóteles, 5 era o número máximo de amigos verdadeiros.

Grupo de empatia 15 amigos – São pessoas bastante importantes para você – se alguma delas morresse amanhã, você ficaria muito triste. Este grupo pode incluir gente do trabalho ou amigos de amigos.

Número típico 50 amigos – É o número de amizades mantidas pela maioria das pessoas, também o tamanho médio dos agrupamentos humanos primitivos (como bandos de caça). 

Limite 150 amigos – Máximo que o cérebro consegue administrar ao mesmo tempo. São as pessoas cujos nomes, rostos e características você consegue memorizar e acionar caso seja necessário.

Disponível em http://super.abril.com.br/comportamento. Acesso em 20 de mar.de 2022.