Aula 09/2022 – A influência do capital estadunidense e chinês na distribuição das atividades econômicas. - 03/05/2022

Briga de gigantes: As relações entre EUA e China

As relações no sistema internacional nunca se fazem sozinhas: o crescimento de um país pode ser visto tanto como oportunidade quanto ameaça. O desenvolvimento de armamentos pode significar guerra em potencial, enquanto que assinar acordos e tratados podem fortalecer canais de cooperação. Definitivamente a interação entre os países tem suas consequências. Agora jogue nessa bagunça internacional duas das maiores economias da atualidade e uma história de afastamento e aproximação. O resultado é complexo.

Disputa pelo primeiro lugar

O crescimento da China assusta e abala a posição de conforto dos EUA no topo do sistema internacional. Isso significa que, cada vez mais, os Estados Unidos perdem sua posição como indiscutível potência hegemônica. E o que, de maneira simples, significa hegemonia? Bem, significa que os EUA têm relevância direta à nível global em áreas como economia, defesa e diplomacia, conferindo ao país influência internacional e, consequentemente, muito poder.

Disponível: http://www.linterferenza.info/esteri/la-guerra-classe-planetaria-del-super-imperialismo-usa/
Acesso em: 20 de abr de 2021

E é contra toda essa influência mundial que a China propõe oposição, seja porque o PIB da China aumenta quase dez vezes mais rápido que o dos EUA, ou porque as despesas militares da China (tendo chegado, em 2011, um orçamento militar de US$ 91,7 bilhões) ameaçam ultrapassar as de Washington, e até porque, desde 2008, a China tem achado brechas nos países capitalistas fragilizados para se impor no cenário internacional.

EUA E CHINA: Uma relação de interdependência

Você poderia pensar que isso se encaminharia para um conflito gigantesco, certo? Mas a resposta não é tão simples assim. A verdade é que esses dois gigantes são tão inimigos quanto dependentes um do outro. Em inúmeras áreas existe cooperação efetiva entre EUA E China: na luta contra o terrorismo, na tentativa de conter a proliferação de armas de destruição em massa ou na luta contra a crise financeira.

A realidade é que, por mais que essas duas economias disputem o cenário econômico mundial, elas não conseguiriam se sustentar nele sozinhas. A China, desde a década de 2000, tem investido muito fortemente no Tesouro norte-americano e se tornado uma das maiores exportadoras para a América. Isso, de maneira prática e simples, significa que é muito do dinheiro da China que estabiliza a economia dos EUA, tanto porque empresta dinheiro ao governo em troca de um tipo de remuneração, com juros (através do investimento no Tesouro), quanto porque faz dinheiro entrar no país (com as exportações).

De maneira complementar, é justamente a compra de produtos pelo mercado estadunidense que garante o que chamamos de superávit (altos níveis de exportação) na balança comercial chinesa e a estabiliza como uma das economias que mais exporta. A compra e a venda de produtos são extremamente necessárias, de formas diferentes, para os dois mercados.

A questão é complexa: como coordenar uma situação onde se relacionar com um país para garantir a sobrevivência da sua economia é também fazer com que a dele cresça? E como não deixar que esse crescimento te tire de sua posição de poder mundial? É por isso que os EUA parecem esse país tão “indeciso”, que ao mesmo tempo que recebe produtos chineses, acusa o país de violar as regras de mercado, de concorrer de forma “desleal”. É uma relação paradoxal de “cuspir no prato que come”, pois ao mesmo tempo que “se alimenta” dos produtos chineses, acaba por alavancá-los, temendo que sejam superados por eles.

Disponível: https://uliving.com.br/os-documentarios-mais-legais-do-amazon-prime-video/ Acesso em: 20 de abr de 2021

E o mais irônico dessa história toda é que foram as próprias potências que, no começo do desenvolvimento de Pequim, se envolveram em uma relação tóxica de dependência. Os EUA tiraram proveito de uma mão de obra de baixo custo e consumo barato, ao mesmo tempo que mandavam suas empresas poluentes para a Ásia. As empresas em território asiático eram oportunidade de emprego ao mesmo tempo que oportunidade de desenvolvimento para um mercado que era novo na economia global. Saldo final e duradouro: nos EUA e China, baixa nos empregos e ataque ao meio ambiente, respectivamente. “Parceria” essa que dura até os dias de hoje, com altos níveis de emissão de carbono e economias dependentes.

Contudo, a vantagem mais significante dos EUA em comparação aos chineses é a sua ideologia: enquanto a cultura norte-americana já é facilmente difundida por todo o mundo, a cultura asiática, caracterizada por um maior conservadorismo e tradicionalismo, não encontra tamanha abertura, até porque bate de frente com o “poder do Ocidente”, ou seja, tradições mais liberais. A cultura dos EUA é tão difundida ao redor do mundo que qualquer oposição causa estranheza a um mundo acostumado com liberdades” (há controvérsias), tanto política quanto econômicas.

Disponível: http://geografiaem360graus.blogspot.com/2011/05/charges-consumismo.html Acesso em: 20 de abr de 2021

A penúltima administração dos EUA, pelo ex-presidente Barack Obama, tinha estabelecido canais de diplomacia. Mas o atual presidente Trump parece ter outras ideias para essa relação complexa.

Texto completo disponível em: https://www.politize.com.br/eua-e-china-guerra-comercial/ Acesso em: 20 de ago de 2020.

EUA E CHINA REVIVEM A GUERRA FRIA:

O mundo parece estar girando para trás, com os principais atores do tabuleiro mundial retomando movimentos de meio século, mas na direção oposta. Uma das versões sobre a “diplomacia do pingue-pongue”, instaurada em 1971, dá conta de que a artimanha foi desenrolada pelo premier chinês Zhu Enlai e abraçada pelo chanceler norte-americano Henry Kissinger, para derreter o gelo da “guerra fria” entre os dois países, que durava pelo menos duas décadas.

Pois, agora, os chineses parecem estar agindo ao contrário: em setembro, o líder Xi Jinping convidou pessoalmente o presidente russo Vladimir Putin para os Jogos Olímpicos de Inverno-2022 (marcados para fevereiro, até segunda ordem), deixando Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, à deriva. Desta vez o esporte virou pano de fundo para uma “guerra quente” na política (ao menos atletas que treinam por anos e anos não devem ser prejudicados…).

Há 50 anos, Richard Nixon e Mao Zedong se abriam à reaproximação entre seus países. O primeiro tencionava impedir um conflito China-URSS, que vinham de confrontos na fronteira. O segundo queria os militares norte-americanos fora de Taiwan, a ilha que “escapou” do domínio chinês. Assim, Nixon deu permissão à equipe nacional de tênis de mesa para aceitar o convite de uma excursão à China. Como o ato foi bem recebido pela população dos Estados Unidos, os políticos seguiram em frente no estreitamento de relações e hoje são duas parceiras comerciais gigantescas.

E agora? Pela tradição olímpica, o país-anfitrião dos Jogos faz o convite aos líderes mundiais, só depois replicado pelo Comitê Olímpico Internacional. Mas os chineses não estão gostando de insinuações de Biden quanto a trapaças e violação de direitos humanos, depois de aguentarem o fanfarrão raivoso Donald Trump. Percebendo finalmente que estava mesmo era na lista dos não-convidados (após encontro online com Xi em novembro), o atual presidente norte-americano retrucou com ameaças de “boicote diplomático” aos Jogos. A resposta chinesa foi que se utilizará de “contra-medidas” caso a decisão se confirme e dizendo para Biden parar de politizar os Jogos.

Os adversários entraram em campo e não parecem muito dispostos a jogar por um empate diplomático. Seguimos assistindo da geral.

Disponível em: https://istoe.com.br/eua-china-revivem-a-guerra-fria/ Acesso em: 08 de abr. de 2022

ATIVIDADES

1. Quais foram os proveitos obtidos pelas empresas e economia norte-americana em relação a mão de obra chinesa?

2. Cite os principais aspectos da interdependência entre as economias chinesa e norte-americana.

3. Qual é o principal problema dos EUA ao se tornar parceiro comercial da China?

4. “Trata-se, na verdade, de uma tentativa de conciliar o processo de abertura econômica (o estímulo à iniciativa privada, ao capital estrangeiro, à modernização do país) com a manutenção, no plano político, de uma ditadura de partido único.”

(SENE. E. & MOREIRA, J.C. “Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Globalização.” São Paulo: Ed. Scipione, 1998,p.178.)

O texto refere-se ao sistema político-econômico adotado no(a)

(A) EUA

(B) Coréia do Sul

(C) Rússia

(D) China

5. A China, desde meados dos anos setenta, tem passado por grandes transformações sociais e econômicas. Sobre essas transformações, todas as alternativas apresentam características da China atual, EXCETO

(A) A China permanece oficialmente socialista, e o Partido Comunista continua a exercer o controle do poder no país.

(B) A propriedade do Estado continua marcante apesar da expansão dos setores cooperativista e privado.

(C) Os ramos vitais da indústria, os bancos, as ferrovias, as telecomunicações e o setor energético continuam sendo controlados pelo Estado.

(D) O setor agrícola permanece intocável e não foi afetado pelas medidas de modernização da economia de mercado.

6. Um certo carro esporte é desenhado na Califórnia, financiado por Tóquio, o protótipo criado em Worthing (Inglaterra) e a montagem é feita nos EUA e México, com componentes eletrônicos inventados em Nova Jérsei (EUA), fabricados no Japão. (…). Já a indústria de confecção norte-americana, quando inscreve em seus produtos ‘made in USA’, esquece de mencionar que eles foram produzidos no México, Caribe ou Filipinas.

(Renato Ortiz, Mundialização e Cultura)

O texto ilustra como em certos países produz-se tanto um carro esporte caro e sofisticado, quanto roupas que nem sequer levam uma etiqueta identificando o país produtor. De fato, tais roupas costumam ser feitas em fábricas — chamadas “maquiladoras” — situadas em zonas-francas, onde os trabalhadores nem sempre têm direitos trabalhistas garantidos.

A produção nessas condições indicaria um processo de globalização que

(A) fortalece os Estados Nacionais e diminui as disparidades econômicas entre eles pela aproximação entre um centro rico e uma periferia pobre.

(B) garante a soberania dos Estados Nacionais por meio da identificação da origem de produção dos bens e mercadorias.

(C) reafirma as diferenças entre um centro rico e uma periferia pobre, tanto dentro como fora das fronteiras dos Estados Nacionais.

(D) fortalece igualmente os Estados Nacionais por meio da circulação de bens e capitais e do intercâmbio de tecnologia.

7. Nos últimos anos, acirrou-se a guerra comercial entre EUA e China, com a imposição mútua de tarifas e restrições. Com relação aos possíveis impactos dessa guerra comercial sobre a economia global, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

( ) O conflito tende a afetar a economia de outros países, pois as cadeias de produção e consumo estão interligadas.

( ) A guerra pode aumentar os custos das exportações e gerar um ciclo de diminuição do comércio internacional.

( ) A disputa afeta o mercado financeiro, porque grandes empresas mundiais têm bases produtivas na China.

As afirmativas são, respectivamente,

(A) (V) F – V – F (B) (V) F – V – V (C) (V) V – F – F (D) (V) V – V – V.

Leia a seguir o texto sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Com o argumento de que busca proteger os produtores norte-americanos e reverter o déficit comercial que os Estados Unidos têm com a China (eles mais compram da China do que vendem), Donald Trump vem anunciando desde 2018 tarifas sobre produtos importados do país asiático. O objetivo é dificultar a chegada de produtos chineses aos Estados Unidos, o que estimularia a produção interna. O governo da China, por sua vez, tem reagido a esses anúncios com retaliações, chegando a impor também tarifas sobre produtos norte-americanos. É difícil dizer ao certo quando a disputa, nos moldes em que se encontra agora, foi iniciada, mas algumas datas podem ser consideradas marcantes. Durante a campanha eleitoral, os discursos de Trump já apontavam críticas ao déficit comercial dos Estados Unidos em relação à China. Já como presidente, Trump fez o primeiro anúncio de taxas sobre produtos chineses em março de 2018. Desde então, já anunciou outras medidas e ameaçou adotar outras. A China tem respondido também com barreiras comerciais aos produtos norte-americanos e ameaças.

Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/08/16/guerra- -comercial-entenda-a-piora-das-tensoes-entre-china-e-eua-e-as-incertezas- -para-a-economia-mundial.ghtml – editado. Acesso em: 14 out. 2019.

8. Essa guerra comercial entre os dois países é provocada pela política

(A) comunista do governo chinês para difundir o modo de produção asiático(com base no escravismo).

(B) protecionista (impede a concorrência) do governo estadunidense para salvaguardar a sua economia.

(C) externa militarizada (ocupação a países) dos Estados Unidos para conter o avanço do comunismo.

(D) multilateral (relação entre vários) da União Europeia para garantir os mercados chinês e estadunidense.

9. Qual é a vantagem dos EUA em relação China quanto a ideologia adotada no mundo inteiro?

10. A República Popular da China se apresenta, principalmente, como um país

(A) agrícola, produzindo através das Comunas Populares (cooperativas autônomas) e mantendo-se fechada ao comércio internacional.

(B) de economia estatal e cooperativa, com algumas zonas de livre mercado (sem intervenção estatal) abertas aos capitais internacionais.

(C) economicamente ligado a Taiwan, Cingapura e Coreia, compondo os “Tigres Asiáticos” (mercado comum).

(D) socialista industrializado e dotado de uma agricultura extensiva mecanizada (economia com base no setor primário).