AULA 09/2022 – Romances infanto-juvenis - 02/05/2022

Uma introdução a Figuras da Linguagem. Vamos lá!

Figuras de linguagem são formas de expressão que não apresentam a linguagem comum, sentido real ou denotativa. Elas dão ao texto um significado que vai além do sentido literalportanto permitem uma plurissignificação do enunciado. Por exemplo, na frase “Fabiano tem muita cara de pau em aparecer aqui depois de tudo que ele me fez”, a expressão “cara de pau” indica que Fabiano não tem vergonha na cara e não que a cara dele, literalmente, é feita de madeira. Temos as figuras: de palavras ou semântica; de sintaxe ou construção; de pensamento; de som ou harmonia.

Disponível em https://www.preparaenem.com/portugues/figuras-de-linguagem.htm Acesso em 11 de abr. de 2022.

O que é figura de linguagem?

Ao empregar uma figura de linguagem, o enunciador possibilita uma interpretação para o seu enunciado que extrapola o sentido original. Por exemplo:

pedra chorou de tristeza.

Nesse exemplo, o sentido denotativo (original) é que uma pedra verteu lágrimas de seus olhos porque estava triste. Porém, sabemos que pedras não são seres vivos, não têm olhos e, portanto, não podem chorar. Assim, essa expressão afasta-se das regras da linguagem denotativa para assumir outro sentido.

Desse modo, o fato de a pedra chorar mostra o quanto determinada situação é triste. É tão triste que até uma pedra poderia chorar. Nesse exemplo, a pedra foi personificada, foi tratada como se fosse um ser humano, portanto capaz de chorar e sentir tristeza.

Disponível em https://www.istockphoto.com/br/vetor/estilo-de-desenho-animado-do-marinheiro-jornal-caractere-gm839024496-136682477 Acesso em 11 de abr. de 2022.

Observe esse segundo exemplo:

Acima, temos a imagem personificada do jornal. Demonstra pelo olhar uma autoconfiança própria daquele que produz ou faz algo de qualidade e que merece elogios. Há nesse caso, o uso da Prosopopeia ou Personificação, figura da linguagem muito utilizada nas Histórias em Quadrinhos, Propagandas e outros gêneros.  

Vamos aprender nessa aula algumas Figuras da Linguagem!

Disponível em https://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-linguagem Acesso em 11 de abr. de 2022.

Agora vamos ao gênero textual romance!

Quando falamos em Romance, logo pensamos em algo romântico, de paixões. No entanto, o Romance literário nem sempre aborda esses assuntos. Na verdade, ele é um gênero literário que corresponde a uma composição em prosa, ou seja, uma narrativa com diversas tramas para se chegar à ideia principal. 

O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa descreve o termo como sendo uma “Descrição longa das ações e sentimentos de personagens fictícios, numa transposição da vida para um plano artístico”. A obra Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, escrito em 1600, é considerada precursora do romance moderno. Ela é um romance de cavalaria e conta diversas aventuras do personagem principal.  Os romances são marcados por uma sequência temporal de fatos para se chegar à ideia principal que está sendo apresentada.


Estrutura do Romance

Podemos destacar quatro características que fazem parte da estrutura desse tipo de obra, são elas:

• Narrador: é a pessoa que conta a história. Ele pode ser um dos personagens, que nesse caso, é considerado um narrador em primeira pessoa; ou apenas uma figura responsável pela narração da história.

• Personagens: são as figuras/pessoas que fazem parte da obra. Elas são representadas de forma que o leitor conheça as suas histórias através de representações fictícias. No caso do Romance, o personagem principal é considerado o protagonista.

• Enredo: corresponde a sequência dos fatos que serão contados. É a partir do enredo que se desenvolve a história e é possível atingir o tema central do texto.

• Tempo: organização dos fatos que ocorrerão na história. Ele pode ser cronológico ou psicológico. O primeiro é marcado pela passagem de horas, dias, anos etc. Já o segundo é mais subjetivo, pois se refere ao tempo interior dos personagens.

          Disponível em https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/romance Acesso em 11 de abr. de 2022.

Leia o trecho do romance O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupéry

O pequeno príncipe atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzinha insignificante…

– Bom dia – disse o príncipe.

– Bom dia – disse a flor.

– Onde estão os homens? – Perguntou ele educadamente.

A flor, um dia, vira passar uma caravana:

– Os homens? Eu creio que existem seis ou sete. Vi-os faz muito tempo. Mas não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes.

– Adeus – disse o principezinho.

– Adeus – disse a flor. O pequeno príncipe escalou uma grande montanha. As únicas montanhas que conhecera eram os três vulcões que batiam no joelho. O vulcão extinto servia-lhe de tamborete.

“De uma montanha tão alta como esta”, pensava ele, “verei todo o planeta e todos os homens…” Mas só viu pedras pontudas, como agulhas.

– Bom dia! – disse ele ao léu.

– Bom dia… bom dia… bom dia… – respondeu o eco.

– Quem és tu? – perguntou o principezinho.

– Quem és tu… quem és tu… quem és tu… – respondeu o eco.

– Sejam meus amigos, eu estou só… – disse ele.

– Estou só… estou só… estou só… – respondeu o eco. “Que planeta engraçado!”, pensou então.

. “É completamente seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz… No meu planeta eu tinha uma flor; e era sempre ela que falava primeiro”.

Mas aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.

– Bom dia! – disse ele.

Era um jardim cheio de rosas.

– Bom dia! – disseram as rosas.

Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.

– Quem sois? – perguntou ele espantado.

– Somos as rosas – responderam elas.

– Ah! – exclamou o principezinho…

E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ela era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!

“Ela teria se envergonhado”, pensou ele, “se visse isto… Começaria a tossir, simularia morrer, para escapar ao ridículo. E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela seria bem capaz de morrer de verdade…”.

Depois, refletiu ainda: “Eu me julgava rico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um, talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito poderoso…”.

E, deitado na relva, ele chorou.

E foi então que apareceu a raposa:

– Bom dia – disse a raposa.

– Bom dia – respondeu educadamente o pequeno príncipe, olhando a sua volta, nada viu.

– Eu estou aqui – disse a voz, debaixo da macieira…

– Quem és tu? – Perguntou o principezinho. – Tu és bem bonita…

– Sou uma raposa – disse a raposa.

– Vem brincar comigo – propôs ele. – Estou tão triste…

– Eu não posso brincar contigo – disse a raposa. – Não me cativaram ainda.

– Ah! Desculpa – disse o principezinho.

Mas, após refletir, acrescentou:

– Que quer dizer “cativar”?

– Tu não és daqui – disse a raposa. – Que procuras?

– Procuro os homens – disse o pequeno príncipe. – Que quer dizer “cativar”?

– Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?

– Não – disse o príncipe. – Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?

– É algo quase sempre esquecido – disse a raposa. Significa “criar laços”…

– Criar laços?

– Exatamente – disse a raposa. – Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…

– Começo a compreender – disse o pequeno príncipe. – Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…

– É possível – disse a raposa. – Vê-se tanta coisa na Terra…

– Oh! Não foi na Terra – disse o principezinho.     

– A raposa pareceu intrigada:

– Num outro planeta?

– Sim.

– Há caçadores nesse planeta?

– Não.

– Que bom! E galinhas?

– Também não.

– Nada é perfeito – suspirou a raposa.

SAINT-EXUPERY, Antoine. O Pequeno Príncipe. (2009).

1. A narração é um tipo textual que tem como um dos elementos principais o narrador. Nessa história, temos a presença de um narrador-adulto que conta às aventuras, anseios, buscas do Pequeno Príncipe. Através da leitura do trecho: “… O pequeno príncipe atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor…”, podemos afirmar que

( ) o foco narrativo é marcado pelo uso da 2ª pessoa do singular, confirmada nos verbos “atravessou” e “encontrou” que estão na 2ª pessoa do discurso. 

( ) o foco narrativo é marcado pelo uso da 3ª pessoa do singular, confirmada nos verbos “atravessou” e “encontrou” que estão na 3ª pessoa do discurso.   

( ) o foco narrativo é marcado pelo uso do substantivo “príncipe” que é classificado como próprio.

( ) o foco narrativo é marcado pelo uso do adjetivo “príncipe” que é um elemento secundário na frase.

2. Enquanto atravessava o deserto o Pequeno Príncipe encontra uma flor que é descrita como “… Uma flor de três pétalas, uma florzinha insignificante…”. Os adjetivos atribuídos à flor dão a ela um sentido de

( ) deslumbrante e inigualável.

( ) intocável e insubstituível.

( ) fragilizada e sem importância.

( ) delicada e importante.

3. No trecho: “- Quem sois? – perguntou ele espantado.  – Somos as rosas – responderam elas. – Ah! – exclamou o principezinho… E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ela era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!”.

Nesse momento do diálogo entre o príncipe e as rosas, o narrador afirma a decepção, a tristeza da personagem. Qual é o motivo da tristeza?

( ) O fato de existirem outras flores iguais a que encontrou primeiramente.

( ) O fato de o jardim ser repleto de flores coloridas.

( ) O fato de se sentir engando pela flor.

( ) O fato de refletir que não apenas ele, mas outros poderiam ter a mesma espécie de flor.

4. Leia com atenção a frase narrada no romance “O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes”. Os pronomes “os” e “eles” se referem a qual substantivo?

( ) Ventos.

( ) Homens.

( ) Vulcões.

( ) Príncipes.

5. No trecho “- Quem és tu? – Perguntou o principezinho. – Tu és bem bonita…”, a linguagem utilizada é

( ) informal com a utilização de termos coloquiais com a presença do pronome “tu”.

( ) muito rebuscada e com sentido incompreensível, pois utiliza o verbo “ser” na segunda pessoa “és”.

( ) culta e de difícil entendimento, porque a palavra “bem” não deve ser aplicada nessa frase. 

( ) mais formal, pouco empregada no nosso cotidiano, uma vez que substituímos pelo pronome “tu” pouco empregada no nosso cotidiano.

6. Em seu diálogo com o pequeno príncipe, a raposa diz que cativar “é algo quase sempre esquecido”. Por que ela disse isso?

( ) Para se referir ao tratamento que os homens dão aos animais.

( ) Para se exaltar diante do príncipe dizendo ser querida por todos.

( ) Para seduzir o príncipe com sua fala.

( ) Para expor que o homem tem dificuldades para “criar laços”.

Releia o pequeno diálogo, nos quadrinhos abaixo, e responda às questões 7 a 10.

Disponível em https://linguagemeafins.blogspot.com/2010/09/pequeno-principe-070910.html Acesso em 11 de abril de 2022

7. No primeiro quadrinho, a raposa diz ao Príncipe que “vai chorar”. Nessa frase há uma figura da linguagem que é um(a)

( ) eufemismo (suavizar a mensagem).

( ) personificação/prosopopeia (atribuição de vida a seres inanimados).

( ) ironia (representa justamente o sentido contrário).

( ) metáfora (é uma representação não literal/sentido figurado).

8. Na frase, “Assim o pequeno príncipe cativou a raposa” a palavra em destaque tem sentido de

( ) tempo.

( ) condição.

( ) conclusão.

( ) adição.

9. No segundo quadrinho, o príncipe diz para a raposa: “Eu não queria te fazer mal, mas quiseste que eu te cativaste”. Nesse trecho, o uso do “mas”

( ) soma-se à ideia da frase anterior vendo o ato de cativar como positivo.

( ) contraria a ideia anterior, pois o ato de cativar mostra que criar laços é algo negativo.

( ) diminui o sentido da palavra “cativar”, pois se refere a um ato humano em relação ao animal.

( ) intensifica o sentido da palavra “cativar”, pois se refere a um ato humano em relação ao animal.

10. A raposa insistiu para que o príncipe a cativasse. Ao ser realizada, ela afirma que “vai chorar”. Nesse momento o príncipe diz que “então ela não havia ganhado nada” com a criação de laços entre eles pois, a raposa

( ) queria era se aproveitar da ocasião e da solidão do príncipe.

( ) desejava ter amigos, mas via no homem um ser perigoso.

( ) se sentia triste com a partida do pequeno príncipe em busca de cativar outros homens.

( ) se sente retribuída, porque ao menos teve a “cor do trigo”.

11. Leia o trecho, “Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos…” Qual é a figura de linguagem que expressa exagero? Isso é observado no trecho do romance? Explique.

Produção de Texto

Nos quadrinhos do Pequeno Príncipe, lemos o diálogo entre a raposa e a personagem principal do romance de Antoine de Saint-Exupéry. Imagine que você tenha sido escolhido para produzir o diálogo entre a flor e o príncipe. Você poderá desenhar e compor também em quadrinhos essa parte da história. O príncipe acreditava que ela era única, mas de repente descobre que não. O diálogo produzido deve iniciar com o reencontro dos dois. O que o príncipe disse à flor quando se reencontraram? Como foi o encontro? Onde se encontraram? Houve tristeza um com outro ou se entenderam ao conversar? Conte-nos essa parte. Seja criativo e busque manter a mesma linguagem utilizada pelo autor.

Bom trabalho!