AULA 13/2022 – Gênero – Construção composicional e marcas linguísticas.  Estratégia de leitura, distinção de fato e opinião. Elementos notacionais da escrita: pontuação. - 01/08/2022

O que é crônica?

Dentre os inúmeros gêneros textuais existentes, um dos mais populares e utilizados para descrever situações do cotidiano é a crônica. Muito usado em textos jornalísticos publicados em jornais e revistas, é um gênero textual curto escrito em prosa, em uma linguagem simples e coloquial, que torna a leitura mais fácil e agradável. Também permite que o leitor se sinta amigo do cronista, já que o texto é desenvolvido em tom de conversa informal.

A crônica é um tipo de texto que tem prazo de validade por se tratar de um assunto contemporâneo, geralmente uma crítica ou comentário sobre algo que está sendo debatido no momento.

Entre as principais características da crônica, é possível destacar a linguagem simples, objetiva e o texto curto. Além de se tratar de uma abordagem que geralmente retrata temas contemporâneos.

Em seu eixo temático, é um texto que retrata acontecimentos do cotidiano, com um caráter crítico (sobre comportamentos sociais, leis, instituições etc.). É um gênero textual que passeia entre o jornalístico e o literário, trazendo temas reais trabalhados de forma mais subjetiva.

A crônica é um tipo de texto que chama atenção pelo seu tom mais leve, muitas vezes irônico e humorístico, prendendo a atenção do leitor por contar a história de forma rápida e sem grandes detalhamentos.

A essência da crônica é:

  • Trata de assuntos contemporâneos.
  • Utiliza linguagem simples e coloquial.
  • Faz uso de poucos ou de nenhum personagem.
  • Há um tom irônico e humorístico.
  • Bastante usado no jornalismo.
  • Os textos são rápidos e objetivos.

Apesar de se tratar de um texto narrativo-descritivo, a crônica pode ser escrita de formas diferentes e tratar os assuntos de formas distintas. Entre os principais tipos de crônica, é possível destacar:

Crônica narrativa – conta fatos do cotidiano, acontecimentos das últimas semanas e ações em geral.

Crônica descritiva – se trata de um texto descritivo sobre uma determinada situação do cotidiano, em algum local, contendo ou não personagens. Explora os detalhes do objeto, do local, da pessoa ou do animal que o cronista deseja descrever.

Crônica humorísticavoltada ao humor, usando a seu favor a ironia para entreter seu público. Na maioria das vezes, a crônica humorística é utilizada para contar um acontecimento político, econômico ou cultural de uma forma mais descontraída.

Crônica jornalística – texto muito utilizado pela imprensa brasileira para retratar e refletir sobre temas da atualidade em uma linguagem um pouco mais leve. Esse tipo de crônica possui um caráter mais narrativo e argumentativo, mas sempre trazendo a leveza textual.

Imagem disponível em https://beduka.com/blog/exercicios/portugues-exercicios/exercicios-sobre-cronicas/. Acesso em 29 de maio de 2022.

Texto: Disponível em https://www.stoodi.com.br/blog/portugues/generos-textuais-cronica-e-suas-principais-caracteristicas/. Acesso em 29 de maio de 2022 (Adaptada).

SINAIS DE PONTUAÇÃO

Sinais de pontuação são símbolos gráficos que têm como objetivo colaborar para a coesão e coerência dos textos, estabelecendo um sentido ao que está sendo escrito. Como as frases são ditas de formas diferentes, suas intenções também são diferentes. Cada sinal de pontuação possui sua própria função.

Dessa forma, temos diferentes sinais de pontuação que vão estabelecer diferentes sentidos e intenções nas frases. Vamos relembrá-los?

Ponto-final (.): colocado ao final da frase, indicando o final dela, éusado em frases afirmativas e negativas. Exemplos: Bruna gosta de comer verduras./ Ele não gosta de calor.

Ponto de exclamação (!): É usado para indicar que a frase expressa uma admiração, medo, dentre outros sentimentos. Exemplos: Que cachorro bonito!/ Que susto!

Ponto de interrogação (?): É indicado para frases que expressam uma pergunta. Exemplos: Qual é o seu nome?/ Por que você não foi ontem para a escola?

Dois-pontos (:): Esse sinal pode ser usado em várias situações. Vejamos algumas delas:

  • Pode apresentar uma enumeração, uma lista, por exemplo: Fui ao mercado e comprei: frutas, verduras, chocolate e lasanha.
  • Pode apresentar a fala de uma personagem, por exemplo: Luiza perguntou: — Onde está meu caderno de desenho?

Reticências (…): São utilizadas para indicar que um pensamento foi interrompido ou para deixar o sentido em aberto. Exemplo: Tudo indica que sim. Basta você buscar

Travessão (): É utilizado antes da fala de uma personagem, demonstrando assim que é um diálogo entre os personagens. Vejamos o diálogo a seguir:

 

‒ Helena, você está vendo aquela estrela?

‒ Qual, titia?

 Aquela que está bem próxima da Lua, brilhando intensamente.

 Nossa, acabei de ver. É linda!

Vírgula (,): é o sinal de pontuação que exerce o maior número de funções, por isso aparece em várias situações. A vírgula marca pausas no enunciado, indicando que os termos por ela separados não formam uma unidade sintática, apesar de estarem na mesma oração. A seguir confira as situações em que se deve utilizar vírgula.

a) Separar o vocativo:

Exemplo: Marília, vá à padaria comprar pães para o lanche.

b) Separar aposto:

Exemplo: Camila, minha filha caçula, presenteou-me com este relógio.

c) Separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado:

Exemplo: Os egoístas, muitas vezes, visam somente os próprios interesses.

d) Separar elementos de uma enumeração:

Exemplo: Meus bolos prediletos são os de chocolate, coco, doce de leite e nata com morangos.

e) Isolar expressões explicativas:

Exemplo: Faça um bolo de chocolate, ou melhor, de chocolate e morangos.

f) Isolar o nome do lugar na indicação de datas:

Exemplo: Catalão, 10 de maio de 2022.

Disponível em: encurtador.com.br/ghnG5Acesso em 29 de maio de 2022 (Adaptada).

Leia a crônica abaixo para responder às questões de 1 a 5.

A Espada

Uma família de classe média alta. Pai, mulher, um filho de sete anos. É a noite do dia em que o filho fez sete anos. A mãe recolhe os detritos da festa. O pai ajuda o filho a guardar os presentes que ganhou dos amigos. Nota que o filho está quieto e sério, mas pensa: “É o cansaço.” Afinal ele passou o dia correndo de um lado para o outro, comendo cachorro-quente e sorvete, brincando com os convidados por dentro e por fora da casa. Tem que estar cansado.

– Quanto presente, hein, filho?

– É.

– E esta espada. Mais que beleza! Essa eu não tinha visto.

– Pai…

– E como pesa! Parece uma espada de verdade. É de metal mesmo. Quem foi que deu?

– Era sobre isso que eu queria falar com você.

O pai estranha a seriedade do filho. Nunca o viu assim. Nunca viu nenhum garoto de sete anos sério assim. Solene assim. Coisa estranha… O filho tira a espada da mão do pai. Diz:

– Pai, eu sou Thunder Boy.

– Thunder Boy?

– Garoto Trovão.

– Muito bem, meu filho. Agora vamos pra cama.

– Espere. Esta espada. Estava escrito. Eu a receberia quando fizesse sete anos.

O pai se controla para não rir. Pelo menos a leitura de história em quadrinhos está ajudando a gramática do guri. “Eu a receberia…” O Guri continua.

– Hoje ela veio. É um sinal. Devo assumir meu destino. A espada passa a um novo Thunder Boy a cada geração. Tem sido assim desde que ela caiu do céu, no vale sagrado de Bem Tael, há sete mil anos, e foi empunhado por Ramil, o primeiro Garoto Trovão.

O pai está impressionado. Não reconhece a voz do filho. E a gravidade do seu olhar. Está decidido. Vai cortar as histórias em quadrinhos por uns tempos.

– Certo, filho. Mas agora vamos…

– Vou ter que sair de casa. Quero que você explique à mamãe. Vai ser duro para ela. Conto com você para apoiá-la. Diga que estava escrito. Era meu destino.

– Nós nunca mais vamos ver você? – Pergunta o pai, resolvendo entrar no jogo do filho enquanto o encaminha, sutilmente, para a cama.

 – Claro que sim. A espada do Thunder Boy está a serviço do bem e da justiça. Enquanto vocês forem pessoas boas e justas poderão contar com a minha ajuda.

– Ainda bem. – diz o pai.

E não diz mais nada. Porque vê o filho dirigir-se para a janela do seu quarto, e erguer a espada como uma cruz, e gritar para os céus “Ramil!”. E ouve um trovão que faz estremecer a casa. E vê a espada iluminar-se e ficar azul. E o seu filho também.

O pai encontra a mulher na sala. Ela diz:

– Viu só? Trovoada. Vá entender este tempo.

– Quem foi que deu a espada para ele?

– Não foi você? Pensei que tinha sido você.

– Tenho uma coisa pra te contar.

– O que é?

– Senta, primeiro.

                                         Luís Fernando Veríssimo.

Disponível em https://armazemdetexto.blogspot.com/2020/06/cronica-espada-luis-fernando-verissimo.html Acesso em 29 de maio de 2022.

1. Na crônica acima, Luís Fernando Veríssimo utiliza como recurso de construção textual o humor. Isso se confirma no fato de

A) o pai não saber quem presentou o filho com a espada.

B) o filho conseguir fazer o pai “mergulhar” em sua fantasia.

C) a mãe ter medo de trovoada.

D) o filho saber falar corretamente português aos sete anos.

2. Sobre a leitura e compreensão dos fatos que contribuem para a elaboração da crônica, marque a alternativa incorreta.

A) Em um dado momento da crônica, o pai procura associar o relato fantasioso do filho ao fato de o menino ler histórias em quadrinhos.

B) O pai considera que a leitura de histórias em quadrinhos contribui para que o filho amplie seus conhecimentos gramaticais.

C) A postura séria e solene apresentada pelo filho, naquela noite, condiz com o comportamento habitual de crianças da sua faixa etária.

D) Segundo a crônica, a espada do Thunder Boy foi confeccionada no Vale Sagrado de Bem Tael.

3. No trecho “– Pai, eu sou Thunder Boy”, o uso da vírgula após a palavra “pai” é, gramaticalmente, explicado por se tratar de um  

A) vocativo, a palavra separada para evocar, fazer um chamado.

B) aposto, explicar a palavra anterior.  

C) artifício utilizado para separar elementos, uma enumeração.

D) elemento isolar nome de lugar ou mesmo de uma pessoa.

4. Na construção da narrativa, há trechos que marcam a ideia de passado, ou seja, tempo em que se passou a história. Qual trecho abaixo marca essa ideia?

A) “A mãe recolhe os detritos da festa.”

B) “O pai está impressionado.”

C) “É a noite do dia em que o filho fez sete anos.”

D) “E a gravidade do seu olhar.”

5. Qual é o fato principal narrado na crônica lida?

A) O excesso de presentes que as crianças de classe média alta ganham em seus aniversários.

B) Os pais nunca acreditam em seus filhos e, por isso, o menino inventou a história.

C) Um garoto que completa sete anos e ganha uma espada dizendo se tratar de um objeto mágico.

D) Imagens preconcebidas a respeito de pessoas e situações, como a própria história do super-herói Thunder Boy.

6. Ainda sobre a crônica A Espada, marque a única alternativa que não expressa uma opinião:

A) “Nota que o filho está quieto e sério, mas pensa: ‘É o cansaço’”.

B) “– E como pesa! Parece uma espada de verdade. É de metal mesmo.”

C) “– Vou ter que sair de casa.”

D) “…Quero que você explique à mamãe. Vai ser duro para ela.”

Leia a outra crônica para responder às questões 7 a 12.

A outra noite

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:

– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda.

– Mas, que coisa. . .

Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

– Ora, sim senhor. . .

E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

Rubem Braga

7. Na crônica “A outra noite”, as personagens apresentam diferentes pontos de vista acerca da noite. De acordo com a visão de mundo de cada um, o narrador vê a noite como  

A) um lindo luar e com nuvens muito brancas, uma paisagem irreal.

B) um vento que atrapalhava a visão de uma noite enluarada.

C) um céu nublado que impedia ver a noite enluarada.

D) um céu fechado, possibilidade de muita chuva.

­­­8.Considerando a maneira como é narrada a reação do taxista, pode-se inferir que ele ficou

A) sensibilizado com a conversa entre os passageiros. 

B) irritado com a conversa entre os passageiros.                                                                                   

C) agradecido com o presente, pois nunca ganhara nada de passageiros.                                              

D) desconfiado com o pagamento, pois a conversa dos passageiros era estranha.

9. A crônica lida nos remete a um fato cotidiano que apresenta

A) uma conversa sobre o tempo entre dois passageiros em uma corrida de táxi. 

B) uma certeza sobre uma mudança de tempo que um dos passageiros tinha.

C) incertezas sobre o que faz modificar o tempo para ora chuva, ora vento, ora luar.

D) ideias expressas sobre o tempo através da meteorologia.    

10. No trecho “Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui.”, o uso das vírgulas na parte destacada marca

A) o aprofundamento de sentido da palavra “noite”.

B) a superficialidade de sentido atribuída à palavra noite.

C) a explicação de como estava a noite.

D) uma parte desconectada da outra.

11. O uso das reticências no trecho “– Mas, que coisa…” evidenciam:

A) uma interrupção na fala do narrador-personagem.

B) uma confirmação que a noite, realmente, estava enlamaçada.

C) uma interrupção na fala do taxista, que começa a ver a noite também de outra forma.

D) uma suspensão das ideias do segundo passageiro.

12. Leia os trechos extraídos da crônica A outra noite. Qual deles expressa opinião?  

A) “Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite…”

B) “Depois que o meu amigo desceu do carro…”

C) “… havia uma outra – pura, perfeita e linda”.

D) “Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva.”

Agora é a sua vez!

Observe a imagem abaixo e produza uma crônica que tenha como temática “O combate ao bullying dentro do espaço escolar”. Para produzir o gênero, você deverá recorrer aos elementos da narrativa, estudados em aulas anteriores, e às características da crônica. Seu texto poderá ser publicado no blog da escola e ser lido por todos que acessarem. Utilize a linguagem apropriada para o gênero e o público-alvo.

Bom trabalho!

Relembrando os elementos da narrativa:                  

  • Foco narrativo (autor-observador ou autor-personagem).
  • Personagens.
  • Tom da narrativa (humorístico, irônico, lírico, crítico).
  • Enredo (o elemento surpresa, que pode ser tanto uma personagem quanto a descoberta de uma situação inusitada).
  • Espaço (em que parte da cidade, em que cenário, ocorreu a situação).
  • Tempo (lembre que a crônica se passa em um curto espaço de tempo – minutos, horas).
  • Desfecho: pode ser aberto, conclusivo, surpreendente.

Disponível em https://www.gestaoeducacional.com.br/bullying-na-escola-o-que-e/. Acesso em 29 de maio de 2022.