AULA 18/2023 – Entrevista. Construção composicional. Coesão textual. - 31/10/2023

É claro que você já deve ter lido ou assistido a alguma entrevista, não é verdade? Ela é um tipo de texto que tem a finalidade de informar as
pessoas sobre algum acontecimento social ou fazer com que o público conheça sobre as ideias e opiniões da pessoa que é entrevistada.
A entrevista é um diálogo entre uma ou mais pessoas em que o entrevistador faz as perguntas e o entrevistado responde.

A entrevista é um gênero essencialmente oral e requer uma postura adequada tanto por parte de quem a elabora quanto por parte de quem a responde. Portanto, deve-se dar maior atenção no que se refere à
linguagem, pois é algo que se tornará acessível ao público de uma forma geral.
O uso de gírias, chavões e de uma linguagem informal não é aconselhável, pois o objetivo maior é fazer com que o leitor/expectador se interaja com o conhecimento do entrevistado sobre um determinado assunto. Objetiva também difundir um conhecimento e, por isso, auxilia na formação de opinião e
posicionamento crítico da sociedade, uma vez que propõe um debate sobre determinado tema.
A elaboração prévia a respeito do assunto que será discutido é de suma importância. O entrevistador deverá preparar-se para o momento e manter-se totalmente imparcial. A objetividade deverá prevalecer sempre, sobretudo porque nesse momento é preciso que se promova uma total credibilidade.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ENTREVISTA

  • Marcada pela oralidade e pelo discurso direto (transcrição fidedigna das palavras do ENTREVISTADOR e do ENTREVISTADO), logo, pode haver muitas marcas de oralidade bem como observações (geralmente entre parênteses) que descrevem as ações de ambos;
  • Quando publicadas em meios impressos, pode-se perceber a utilização de muitos sinais de pontuação:
  • travessão, aspas, reticências, interrogação, parênteses, em alguns casos, até detalhando aspectos do
  • entrevistado, como emoções, lágrimas e risos;
  • É informativa, veiculada, sobretudo, por meio de jornais, revistas, internet, televisão, rádio, dentre outros;
  • O ENTREVISTADOR é o responsável por fazer perguntas, e o ENTREVISTADO (ou entrevistados) as responde;
  • Linguagem: apesar de muitas vezes haver formalidade, devido a ser um gênero oral, há uma mescla entre a linguagem padrão e a não padrão da língua portuguesa.

ESTRUTURA DA ENTREVISTA – PRINCIPAIS ELEMENTOS

⮚ Manchete ou título – Essa é uma parte que deverá despertar interesse no interlocutor envolvido, podendo ser uma frase criativa ou pergunta interessante.
⮚ Apresentação – É o momento em que se apresentam os pontos de maior relevância da entrevista, como também se destaca o perfil do entrevistado, sua experiência profissional e seu domínio em relação ao assunto abordado.
⮚ Perguntas e respostas – Basicamente, é a entrevista propriamente dita, na qual são retratadas as falas de cada um dos envolvidos.
Entretanto, há algumas entrevistas que não seguem este padrão, ou seja, umas apresentam um roteiro mais conciso somente de perguntas e respostas, outras, ao invés de retratar as falas em seu modo literal, optam por transcrevê-las usando um discurso indireto, ou, até mesmo, muitas trazem um texto introdutório e mais detalhado, com informações sobre o local, a data e duração da entrevista.

Disponível em: https://www.estudokids.com.br/wp- content/uploads/2014/12/entrevista-o-que-e-quem-e-o- entrevistador-e-como-fazer-uma.png Acesso em: 28 de out. de 2022.

EXEMPLOS DE ENTREVISTA
Segue um trecho da entrevista (escrita e em vídeo) entre o jornalista Júlio Lerner e a escritora brasileira Clarice Lispector, veiculada no programa “Panorama”, da TV Cultura, dia 1 de fevereiro de 1977, ano da morte da escritora.
Exemplo 1: Trecho da Entrevista Escrita
Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?
É um nome latino, não é? Eu perguntei a meu pai desde quando havia Lispector na Ucrânia. Ele disse que há gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome foi rolando, rolando, rolando, perdendo algumas sílabas e foi formando outra coisa que parece “Lis” e “peito”, em latim. É um nome que quando escrevi meu primeiro livro, Sérgio Milliet (eu era completamente desconhecida, é claro) diz assim: “Essa escritora de nome desagradável, certamente um pseudônimo…”.
Não era, era meu nome mesmo.
Você chegou a conhecer o Sérgio Milliet pessoalmente?
Nunca. Porque eu publiquei o meu livro e fui embora do Brasil, porque eu me casei com um diplomata brasileiro, de modo que não conheci as pessoas que escreveram sobre mim.
Clarice, seu pai fazia o que profissionalmente?
Representações de firmas, coisas assim. Quando ele, na verdade, dava era para coisas do espírito.
Há alguém na família Lispector que chegou a escrever alguma coisa?
Eu soube ultimamente, para minha enorme surpresa, que minha mãe escrevia. Não publicava, mas escrevia. Eu tenho uma irmã, Elisa Lispector, que escreve romances. E tenho outra irmã, chamada Tânia Kaufman, que escreve livros técnicos.
Você chegou a ler as coisas que sua mãe escreveu?
Não, eu soube há poucos meses. Soube através de uma tia: “Sabe que sua mãe fazia um diário e escrevia poesias?” Eu fiquei boba…
Nas raras entrevistas que você tem concedido surge, quase que necessariamente, a pergunta de como você começou a escrever e quando?
Antes de sete anos eu já fabulava, já inventava histórias, por exemplo, inventei uma história que não acabava nunca.
Quando comecei a ler comecei a escrever também. Pequenas histórias. […]

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/genero-textual-entrevista/ Acesso em 28 de out. de 2022.

AGORA, VAMOS VER OS ELEMENTOS QUE COMPÕEM UM BOM TEXTO

A coesão e a coerência dão sentido ao texto
Como você sabe, todo texto precisa conter todos os elementos necessários para que haja uma plena comunicação entre o emissor (a pessoa que escreve) e o receptor (leitor).
Entre esses elementos, existem dois que são fundamentais:
Um é responsável para que não ocorram repetições desnecessárias de certas palavras ou expressões, evitando que o texto se apresente sem sentido e conteúdo.
Observaremos o parágrafo a seguir:


“Uma das diversões de Paulo era jogar bola com os amigos. Todas as tardes ele os chamava para se reunirem num campo que existia em frente à sua casa, e lá, cada um queria mostrar cada vez mais sua competência como artilheiros mirins”. (…)


Podemos perceber que os termos que estão em destaque tiveram a função de substituir as palavras: Paulo, amigos, campo.
Esses termos são denominados de elementos coesivos, ou simplesmente “coesão”, pois fizeram com que o parágrafo não ficasse sobrecarregado de ideias repetitivas.
O outro chama-se “coerência”, ou seja, todo texto precisa iniciar falando sobre um determinado assunto e finalizar também, sempre procurando manter a mesma ideia.

Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/portugues/elementos-que-compoem-um-bom-texto.htm/ Acesso em: 28 out. 2022

QUANTO À COESÃO, EXISTE A REFERENCIAL E A SEQUENCIAL, VAMOS ENTENDÊ-LAS?


A coesão referencial é aquela que cria um sistema de relações entre as palavras e expressões de um texto,
permitindo ao leitor identificar os termos a que se referem.
Por exemplo:
O termo referente é aquele que indica a entidade ou situação a que o falante se refere.
Júnior, meu vizinho, fica muito em redes sociais. Ele fica muito irritado depois.
Nesse caso, podemos dizer que o termo referente é Júnior. Todas as vezes que o referente é retomado no texto, podemos utilizar palavras para orientar os leitores, indicando se devem voltar atrás para recuperar algo que foi dito ou se devem procurar a informação mais adiante no texto.
Coesão sequencial é aquela que cria nos textos as condições para sua progressão. As diversas flexões de tempo e de modo dos verbos, bem como as conjunções, são, de modo geral, os responsáveis pelo estabelecimento e manutenção da coesão sequencial nos textos. Isso significa que os mecanismos de coesão sequencial são utilizados para garantir a articulação entre as partes do texto e para estabelecer relações entre as informações. O controle dos mecanismos coesivos contribui com a progressão temática e promove boa articulação das ideias, informações e argumentos no interior do texto no qual está a base da coerência textual.

Veja, no quadro, alguns termos responsáveis pela coesão sequencial nos textos

ATIVIDADES
Leia a tirinha a seguir e responda à atividade proposta.

  1. O que torna esse texto humorístico é
    A) a resposta do entrevistado ao entrevistador, no último quadrinho.
    B) a incompreensão do entrevistador em relação à resposta do entrevistado.
    C) a postura do entrevistado ante à entrevista de emprego.
    D) as perguntas difíceis feitas pelo entrevistador.

Leia a tirinha e, a seguir, responda à atividade proposta.

2. Observe as respostas do entrevistado, você acha que elas foram adequadas, tratando-se de uma entrevista de emprego? Por quê? Você acha que esse candidato irá conseguir a vaga de emprego? Por quê?

Leia a charge e, a seguir, responda à atividade proposta:

  1. Além de bem-humorada, a charge traz importantes aspectos envolvendo uma entrevista de emprego. Assim, a partir da análise da charge, em sua opinião, o que seria necessário para uma pessoa ser bem-sucedida em uma entrevista de emprego? Realize uma pesquisa, em meios impressos ou digitais, para responder a essa pergunta.

Leia a entrevista e, a seguir, responda às atividades propostas.

Vício em redes sociais? Descubra como lidar com o problema

Você sente que está passando tempo demais na internet? Não consegue ficar longe do celular porque já bate a vontade de checar suas notificações? Embora possa se tratar de mero hábito, o uso excessivo de redes sociais pode indicar um vício – e causar prejuízos à sua vida offline.
Mas como diferenciar o vício do hábito? E como vencer a dependência das redes sociais? Consultamos Fabíola Luciano, psicóloga e membro da Sociedade Brasileira de Coaching, para entender essas e outras questões.

O que leva as pessoas a abusarem das redes sociais?
“Uma das causas que podemos apontar é a dificuldade que algumas pessoas têm de fazer amigos reais. Hoje, principalmente nos grandes centros urbanos, os relacionamentos acabam ficando mais difíceis porque desenvolvemos barreiras para estabelecer uma conexão profunda com as pessoas – e essa conexão acaba envolvendo habilidades que muitos de nós não temos. As redes sociais colaboram para essa dependência ao permitir encontrar outras pessoas com gostos em comum [sem, no entanto, as exigências de um relacionamento da vida real]”, explica Fabíola. E nós gostamos de nos relacionar com quem tem a ver conosco, ainda que se trate de uma relação apenas virtual.
Como saber que se trata de um vício?
Todo vício parte de uma necessidade que você não consegue controlar – esse é o primeiro sinal. Outro sintoma é a alteração brusca de humor ao não poder acessar as redes. “Geralmente, essas pessoas acabam tendo uma vida muito mais pautada na vida da internet do que na vida real. Por isso, tendem a expor cada momento do seu dia nas redes sociais”, completa. […]
O vício pode causar consequências mais sérias?
A resposta é sim. O vício em redes sociais pode aumentar seu isolamento social, pois a internet se torna o único meio de se relacionar e você acaba perdendo o contato com pessoas reais. Também prejudica a concentração e pode provocar alterações no sono, ansiedade e até mesmo depressão.
“Muitas pessoas substituem a vida real pela vida virtual e acabam ficando presas a um mundo que não existe. Isso leva a distanciamento emocional de si mesmo, porque você acaba alimentando uma mentira e vivendo uma estrutura que não é real. Isso tudo potencializa o vício”, explica a psicóloga.
Como as pessoas próximas podem ajudar?
Nesse processo de fazer alguém enxergar que está viciado, é essencial apontar o que se está perdendo ao ficar horas nas redes sociais e afastado da vida real: “Como todo vício, a pessoa nunca enxerga que precisa de ajuda. Por isso, em vez de fazer uma crítica, o ideal é tentar apontar os prejuízos que ela não percebeu antes.
No caso dos mais jovens, os pais devem ter autonomia para limitar o tempo de uso das redes sociais e do celular e trazê-los para um universo real, que é onde a gente vive, e onde as coisas acontecem de verdade”, conclui.

Disponível em: https://fortissima.com.br/2019/05/03/vicio-em-redes-sociais-saiba-como-lidar-com-o-problema-14834419/Acesso em 08 de out. de 2021..

4. Qual é o tema discutido nesse texto?

5. Você acha interessante discutir esse assunto em sala de aula? Por quê?

6. Qual é o objetivo desse texto?

7. Quem foi a entrevistada nesse texto e em que ela atua? Em sua opinião, por que o entrevistador escolheu alguém da saúde para falar sobre o assunto?

8. Em sua resposta à primeira pergunta, o que ela diz sobre o que leva as pessoas a abusarem das redes sociais?

9. O que a entrevistada responde sobre como reconhecer se o hábito se trata de um vício?

10. Que opiniões a entrevistada expressa sobre como ajudar as pessoas que estão viciadas?

11. De acordo com o texto e com as afirmações da psicóloga,
A) o vício pode causar consequências mais sérias e as pessoas que possuem esse problema podem perder o contato com a vida real.
B) o vício não causa problema algum. Não há nada de errado em afastar-se das pessoas e viver uma vida irreal.
C) como todo viciado, a pessoa sempre enxerga que precisa de ajuda, não há necessidade de intervenção da família.
D) os pais não devem intervir e limitar o tempo de uso das redes sociais e do celular dos filhos. Ela afirma que quando os filhos estão vivendo em um universo irreal é que as coisas acontecem de verdade.

12. Todas as alternativas trazem características do gênero textual “Entrevista”, exceto:
A) Textos marcados pela oralidade e pelo discurso direto.
B) Presença do entrevistador e do entrevistado.
C) Linguagem inteiramente formal, presença de narrador, personagem, espaço e tempo.
D) Mescla da linguagem formal e informal.

13.No trecho “E nós gostamos de nos relacionar com quem tem a ver conosco, ainda que se trate de uma relação apenas virtual.”, a palavra destacada remete a uma ideia de

  1. “A resposta é sim. O vício em redes sociais pode aumentar seu isolamento social, pois a internet se torna o único meio de se relacionar e você acaba perdendo o contato com pessoas reais. Também prejudica a concentração e pode provocar alterações no sono, ansiedade e até mesmo depressão.”, as palavras destacadas remetem respectivamente a ideias de
    A) adição e exclusão.
    B) explicação e adição.
    C) explicação e conclusão.
    D) oposição e adição.
  1. Em “No caso dos mais jovens, os pais devem ter autonomia para limitar o tempo de uso das redes sociais e do celular e trazê-los para um universo real, que é onde a gente vive, e onde as coisas acontecem de verdade”, conclui.”, o pronome destacado refere-se ao(s)
    A) mais jovens.
    B) pais dos jovens.
    C) tempo dos jovens.
    D) celular dos jovens.

PRODUÇÃO TEXTUAL
Agora, é a sua vez!
Realize uma entrevista com alguém que você que você imagina ser dependente das redes sociais. Alguém que você julga comprometer demais o próprio tempo e a vida com esse hábito. Elabore perguntas que leve o entrevistado a refletir sobre como se sente e o que o faz ter esse tipo de comportamento. Tente descobrir também se ele (ela) tem noção do quanto isso lhe é prejudicial.

Disponível em: https://pt.slideshare.net/87185952/o-gnero-textual-entrevista Acesso em: 28 out. 2022. (Adaptado)

Planeje sua entrevista:
Observe o roteiro a seguir:

Outra opção de trabalho
Se preferir, caso não conheça ninguém com o perfil acima, faça uma pesquisa para selecionar uma entrevista e analisá-la.
A pesquisa deverá ser de ENTREVISTA com uma pessoa que discuta a respeito dos problemas causados pelo tempo excessivo que passa nas redes sociais.
• Entrevista com alguém da saúde, por exemplo.
Anote as principais perguntas e respostas. Tente descobrir mais sobre o tema estudado.
Não esqueça de anotar a fonte (o site) que utilizou para realizar a pesquisa.

Lembre-se de passar a limpo seu texto e observar pontuação, ortografia, acentuação, progressão das
ideias, estética do trabalho.


Disponível em: https://planosdeaula.novaescola.org.br/fundamental/9ano/lingua-portuguesa/entrevista-oral-para-coleta-de-dados/4003 Acesso em 08 de out. de
2021.(Adaptado)

Bom trabalho!