AULA 21/2022- Romances juvenis. - 21/11/2022

ROMANCE

Romance é a forma literária pertencente ao gênero narrativo e que apresenta uma história completa composta por enredo, temporalidade, ambientação e personagens definidos de maneira clara. Revela ações em conjunto com a distribuição de personagens ao longo da trama. Entre as características marcantes desse gênero está a proximidade com a realidade. A obra Dom Quixote, do espanhol Miguel Cervantes, é apontada como antecessora do romance moderno.  Apresenta uma narrativa longa e com personagens variados, a organização é feita em torno da trama, mas a linguagem é variável, seguindo a proposta em que é ambientado. Pode ser fictício ou mesclar a ficção com a realidade. É uma obra literária que apresenta narrativa em prosa (estruturada com parágrafos), normalmente longa, com fatos criados ou relacionados a personagens, que vivem diferentes conflitos ou situações dramáticas, numa sequência de tempo relativamente ampla.

Disponível em https://www.amazon.com.br/Dom-Quixote-Miguel-Cervantes/dp/8536800178 Acesso em 20 de outubro de 2022.
https://www.bomdelivros.com.br/product/dom-quixote-das-criancas-57936/57936 Acesso em 20 de outubro de 2020.
Acesso em 20 de outubro de 2022.
Disponível em https://brainly.com.br/tarefa/31066518Acesso em 20 de outubro de 2022

O romance pertence ao gênero narrativo da literatura, pois apresenta uma sequência de fatos interligados que ocorrem ao longo de certo tempo. A marca principal desse tipo de texto é a relação temporal que se estabelece entre os fatos, mesmo que não sejam narrados na sequência temporal em que ocorreram, é sempre possível reconstituir essa sequência.

Um romance apresenta quatro elementos em sua estrutura: narrador, personagem, enredo e tempo.

Narrador – aquele que conta o que aconteceu na história. Ele faz parte da narrativa, é um elemento da estrutura, não devendo ser confundido com o autor. O narrador pode ser uma das personagens e relacionar-se com outras. Nesse caso é um narrador em primeira pessoa.

Personagens – são os elementos do texto que praticam as ações e provocam o desenvolvimento da história. São representações fictícias de seres humanos, que podem ser descritos do ponto de vista físico e psicológico. A personagem principal de um romance é chamada de protagonista.

Enredo – é o nome que se dá a sequência dos fatos da narrativa. A palavra enredo vem de rede, o que sugere um entrelaçamento de fatos. O enredo apresenta situações de conflito e a partir dele se chega ao tema, que é o motivo central do texto.

Tempo – as ações das personagens acontecem no tempo. Num romance pode existir o tempo cronológico e o tempo psicológico. O tempo cronológico é o tempo exterior, marcado pela passagem das horas, dos dias etc. Os fatos do enredo podem ser organizados numa sequência de antes e depois, isto é, numa sucessão temporal. O tempo psicológico é o tempo interior aquele que transcorre dentro das personagens. Por ser subjetivo, não pode ser medido ou calculado. É o tempo da memória, das reflexões.

Disponível em https://www.todamateria.com.br/o-que-e-romance/ Acesso em 20 de outubro de 2022. (adaptado)

Leia um trecho da obra de Cervantes, adaptado pelo escritor brasileiro, José Angeli.

A incrível batalha contra os moinhos de vento

   Depois de cavalgarem algumas horas, chegaram a um grande campo onde se viam entre trinta e quarenta moinhos de vento.

— A sorte vem-nos guiando melhor do que poderíamos desejar — disse Dom Quixote, segurando seu cavalo.

— Vê, meu fiel Sancho: diante de nós estão mais de trinta insolentes gigantes a quem penso dar combate e matar um por um.

Com seus despojos iniciaremos nossa riqueza, além de arrancar essas sementes ruins da face da terra. Essa é a ordem de Deus que devemos cumprir.

 — Que gigantes? — perguntou Sancho Pança, que por mais que examinasse o terreno só via inocentes moinhos de vento agitando suas pás vagarosamente.

— Aqueles que aqui vês — respondeu o amo. — Têm os braços tão longos que alguns devem medir mais de duas léguas…

— Olhe bem, Vossa Mercê — contestou Sancho. — Aquilo não são gigantes e sim moinhos de ventos, e o que parecem braços são pás que, movidas pelo vento, fazem girar a pedra que mói os grãos.

— Bem se vê que não tens prática nessas aventuras. São gigantes, e, se tens medo, afasta-te daqui. O melhor é que fiques rezando enquanto me atiro a essa feroz e desigual batalha.

E, dizendo isso, esporeou o pangaré sem dar ouvidos ao escudeiro, certo de que combatia ferozes gigantes.

— Não fujais, covardes e abjetas criaturas! Sois atacadas por somente um cavaleiro!

Enquanto galopava contra o primeiro moinho, o vento aumentou de intensidade, fazendo girar as pás com mais velocidade.

— Não adianta agitar os braços. Havereis de me pagar! — gritou, atirando-se contra o “inimigo” mais próximo, encomendando-se de todo o coração à sua senhora Dulcineia.

Foi a conta. Ao cravar a lança numa das pás do moinho, a força do impacto reduziu-a em pedaços, atirando longe cavalo e cavaleiro. Sancho Pança acorreu em socorro, seu alquebrado jumento troteando grotescamente.

— Valha-me Deus! — disse Sancho. — Não vos avisei que olhásseis bem para o que íeis fazer? Que eram moinhos e não gigantes? Como é que alguém pode-se enganar assim?

Enquanto ia falando, o escudeiro tentava levantar tanto o cavaleiro quanto o cavalo, pois o velho Rocinante continuava atordoado pela violência da pancada.

— Cala-te, amigo — respondeu Dom Quixote. — Esses são os azares da guerra. Eram gigantes, agora são moinhos. Essa foi mais uma picardia do sábio Frestão, aquele que roubou meus livros! Só assim poderia roubar-me a glória de tão magnífica vitória. Mas ainda tirarei vingança de suas artes diabólicas com a justeza de minha espada!

— Que Deus decida o que é melhor! — respondeu Sancho Pança sem entender nada, mas preocupado em recolocar o amo sobre seu cavalo.

Depois de novamente montado e relativamente em condições de manter-se assim, Quixote decidiu:

— Vamos para Porto Lápice. Lá encontraremos muitas e diferentes aventuras. Praticarei tantas ações de cavalaria que te sentirás o mais afortunado dos homens por poder testemunhar esses feitos. Serão coisas que só vendo para crer…

Apesar dos arranhões e escoriações sofridas, o que mais entristecia Dom Quixote era a perda de sua lança. Como poderia um cavaleiro andante seguir sem sua nobre arma? Enquanto cavalgava, seguido pelo fiel escudeiro, o fidalgo lembrou-se de que, outrora, o cavaleiro espanhol Diogo Peres de Vargas havia quebrado sua espada numa batalha e a substituíra por um grosso galho de carvalho. Assim armado, combatera e vencera muitos mouros, o que lhe valera a glória e o respeito de todos os seus descendentes.

— Farei o mesmo — disse ao criado. — E podes ter certeza de que me sairei tão bem quanto Dom Vargas.

— Se assim afirma Vossa Mercê, certamente assim será — respondeu humildemente o escudeiro. Depois, observando melhor o outro: — Vossa Mercê está ferido? Cavalga meio de lado como se sentisse alguma dor.

— Realmente estou um tanto dolorido. Só não me queixo porque isso não fica bem para um cavaleiro andante. Mesmo que minhas tripas estivessem saindo pelos ferimentos, jamais soltaria um ai sequer.

— Espero que as leis da cavalaria não sejam tão severas para com os escudeiros. Eu, quando ferido, mesmo um cortezinho à-toa, faço a maior choradeira do mundo.

Dom Quixote sorriu com a complacência dos verdadeiros heróis. Seu servo poderia gemer quanto quisesse. Nunca vira nada em contrário nas normas da cavalaria, que, aliás, não tratavam de assunto tão mesquinho.

Seguiram sua rota. Sancho Pança, escarrapachado sobre o lombo do jumento, mastigava algumas provisões que trazia nos alforjes, entremeadas por longos goles de vinho que chupava de uma botija. Dom Quixote, para não se rebaixar às simples necessidades humanas, pouco condizentes com os cavaleiros de sua casta, nada comeu. Disse não ter fome.

CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote: o cavaleiro da triste figura. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2007. p. 36-39. (Série Reencontro).

Disponível em https://www.atividadegratis.com/2022/07/interpretacao-de-texto-romance-dom.html Acesso em 20 de outubro de 2022.

ATIVIDADES

1. Quanto ao tipo textual, é predominante acima

A) um texto descritivo, pois há muitos detalhes sobre a personagem Dom Quixote.

B) um texto narrativo, pois conta-se o momento que Dom Quixote encontra os Moinhos de Vento.

C) um texto expositivo, pois há informações reais sobre Sancho Pança.

D) um texto instrutivo, pois dá orientações ao leitor sobre o romance Dom Quixote.   

2. O enredo é contado a partir das ações que são desenroladas progressivamente na narrativa, e isso ocorre, através das personagens. Quais são as personagens que aparecem nesse trecho do romance?

3. Releia o trecho “Depois de cavalgarem algumas horas, chegaram a um grande campo onde se viam entre trinta e quarenta moinhos de vento”, a parte destacada no trecho se refere

A) ao lugar que as personagens Dom Quixote e Sancho Pança chegam.

B) a causa da partida das personagens Dom Quixote e Sancho Pança para chegar ao lugar desconhecido.

C) ao objetivo que as personagens Dom Quixote e Sancho Pança traçaram.

D) ao tempo que as personagens Dom Quixote e Sancho Pança gastaram para chegar ao local.

4. “Releia a seguinte passagem “— A sorte vem-nos guiando melhor do que poderíamos desejar — disse Dom Quixote, segurando seu cavalo”, quanto ao uso da linguagem, podemos afirmar que

A) é utilizada uma linguagem informal, pois Dom Quixote é um pobre cavaleiro.

B) é utilizada uma linguagem popular, muito comum entre os falantes da época.

C) é utilizada a linguagem padrão, pois há uma preocupação com a estruturação da língua formal.

D) é utilizada a linguagem inacessível ao leitor, pois não consegue compreender.  

5. Na passagem do trecho “— Vê, meu fiel Sancho: diante de nós estão mais de trinta insolentes gigantes a quem penso dar combate e matar um por um”, Dom Quixote diz estar diante de inimigos e como cavaleiro deve combatê-los. Qual a justificativa o aventureiro utiliza para isso? 

6. Sancho Pança é o fiel escudeiro de Dom Quixote, no entanto, tenta convencer o amigo de que não passa de “inocentes moinhos de vento” os inimigos que o herói tenta combater. Qual é a reação de Dom Quixote diante da atitude do amigo?

7. A quem Dom Quixote se dirige ao dizer “— Não fujais, covardes e abjetas criaturas!”?

8. Ao atacar os “gigantes” o que acontece com Dom Quixote?

9. Após a luta contra os moinhos de vento, algo entristeceu o cavaleiro Dom Quixote. O que foi?

10. Ao ver que não seria daquela vez que teria a glória de “tão magnifica vitória”, Dom Quixote resolve partir para Porto Lápice em busca de mais aventuras. Porto Lápice, nesse caso, é uma referência de

A) lugar.

B) tempo.

C) modo.

D) causa.

11. Releia o trecho “— Não fujais, covardes e abjetas criaturas!” a estrutura verbal utilizada pela personagem Dom Quixote está em qual modo e qual o objetivo dela na fala do cavaleiro?

Disponível em https://www.portugues.com.br/redacao/denotacao-conotacao.html Acesso em 20 de out. de 2022.

Conotação e Denotação

  A conotação e a denotação são manifestações da linguagem que estão relacionadas com os significados das palavras ou expressões de um enunciado.

Denotação é utilizado na produção de textos que tenham função referencial, cujo objetivo é  informar argumentar, orientar a respeito de diversos assuntos, como é o caso da reportagem, editorial, artigo de opinião, resenha, artigo científico, ata, memorando, receita, manual de instrução, bula de remédios, entre outros. Nesses gêneros discursivos textuais, as palavras são utilizadas para fazer referência a conceitos, fatos, ações em seu sentido literal.

Exemplos:

A professora pediu aos alunos que pegassem o caderno de Geografia.

A polícia capturou os três detentos que haviam fugido da penitenciária de Santa Cruz do Céu.

Conotação significa que o sentido das palavras está sendo utilizado em seu sentido figurado, ou seja, aquele cujas palavras, expressões ou enunciados ganham um novo significado em situações e contextos particulares de uso. O sentido conotativo modifica o sentido denotativo (literal) das palavras e expressões, ressignificando-as. De maneira geral, é possível encontrarmos o uso da linguagem conotativa nos gêneros discursivos textuais primários, ou seja, nos diálogos informais do cotidiano. Entretanto, são nos textos secundários, ou seja, aqueles mais elaborados, como os literários e publicitários, que a linguagem conotativa aparece com maior expressividade.

A utilização da linguagem conotativa nos gêneros discursivos literários e publicitários ocorre para que se possa atribuir mais expressividade às palavras, enunciados e expressões, causando diferentes efeitos de sentido nos leitores/ouvintes.

Disponível em https://arquivos.qconcursos.com/images/provas/42729/3908040a45e26f48ad27.png Acesso em 20 de outubro de 2022.

Leia o trecho abaixo, trata-se de um fragmento do livro “A culpa é das estrelas”, de John Green.

– Augustus, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.

– Meus medos? – É – Eu tenho medo de ser esquecido – disse de sem querer um momento de pausa. (…) Olhei na direção do Augustus Waters, que me devolveu o olhar. Quase dava para ver através dos olhos dele, de tão azuis que eram.

– Vai chegar um dia – eu disse – (…) Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo. Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui – fiz um gesto abrangente – vai ter sido inútil.

Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. (…) E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá.

(…)

Assim que terminei, fez-se um longo silêncio, e eu pude ver um sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto do Augusto – não o tipo de sorriso (…) do garoto tentando (…) me encarar, mas um sorriso sincero, quase maior que a cara dele.

– Caramba – disse ele baixinho – Não é que você é mesmo demais?

Disponível em  https://unidadeescolarcezarleal.com/8anoa/ATIVIDADE%208%C2%BACICLO%20PORT-8%C2%BA%20A%2CC%2CD.pdf Acesso em 20 de outubro de 2022.

12. Releia o trecho “Olhei na direção do Augustus Waters, que me devolveu o olhar” a parte destacada foi empregada no sentido real ou figurado? Explique.

13. De acordo com esse texto, era possível ver através dos olhos de Augustus porque

A) encaravam a narradora fixamente.

B) eram maiores que o rosto da personagem.

C) eram muito azuis sugerindo o infinito.

D) pareciam muito tristes para um jovem como ele.

14. No trecho “Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo” nessa parte do texto acima, é possível perceber qual figura da linguagem?

A) Hipérbole, pois expressa exagero na ideia.

B) Personificação, pois humaniza um sentimento.

C) Antítese, pois há ideias opostas.

D) Aliteração, pois há uma repetição de sons consonantais.

15. Qual é o trecho que apresenta ideia de tempo?

A) “Augustus, talvez você queira falar de seus medos”.

B) “Quase dava para ver através dos olhos dele”.

C) “Assim que terminei, fez-se um longo silêncio”.

D) “sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto”.

Produção de Texto

Agora que já sabem um pouquinho mais sobre os sentidos das palavras, produzam um texto narrativo ou expositivo a partir da leitura e compreensão de uma das figuras abaixo.

Sugestão: para explorar mais o sentido conotativo, você poderá produzir um conto ou mesmo uma história em quadrinhos (gêneros já estudados por nós); para o caráter expositivo, sugiro a notícia, bom gênero para explorar o sentido denotativo das palavras.

Figura 1

Disponível em https://hypescience.com/30-fotos-de-criancas-brincando/ Acesso em 20 de out. de 2022.
 

Figura 2

Disponível em https://hypescience.com/30-fotos-de-criancas-brincando/Acesso em 20 de out. de 2022

Bom trabalho!