Contos populares e peças teatrais – Atividade 8 - 06/05/2021

Conheça algumas figuras de linguagem

Há situações que atribuímos às palavras outros significados, significados diferentes daqueles que estão dicionarizados. Esses desvios e novos sentidos que atribuímos às palavras possuem uma função estilística, recurso conhecido como figuras de linguagem.

     Características do texto teatral

       O texto teatral ou Dramático são aqueles produzidos para serem representados (encenados) e podem ser escritos em poesia ou prosa.

       São, portanto, peças de teatro escritas por dramaturgos e dirigidos por produtores teatrais e, em sua maioria, são pertencentes ao gênero narrativo.

       Ou seja, o texto teatral apresenta enredo, personagens, tempo, espaço e pode estar dividida em “Atos”, que representam os diversos momentos da ação, por exemplo, a mudança de cenário e/ou de personagens.

       De tal modo, o texto teatral possui características peculiares e se distancia de outros tipos de texto pela principal função que lhe é atribuída: a encenação.

      Dessa forma, ele apresenta diálogo entre as personagens e algumas observações no corpo do texto, tal qual o espaço, cena, ato, personagens, rubricas (de interpretação, de movimento).

       Já que os textos teatrais são produzidos para serem representados e não contados, geralmente não existe um narrador, fator que o difere dos textos narrativos.

       O teatro é uma modalidade artística que surgiu na antiguidade. Na Grécia antiga, eles possuíam uma importante função social, donde os espectadores esperavam pelo momento da apresentação, que poderia durar um dia todo.

       A linguagem teatral é expressiva, dinâmica, dialógica, corporal e gestual. Para prender a atenção do espectador os textos teatrais sempre apresentam um conflito, ou seja, um momento de tensão que será resolvido no decorrer dos fatos.

     Os principais elementos que constituem os textos teatrais são:

Tempo: o tempo teatral é classificado em “tempo real” (que indica o da representação), “tempo dramático” (quando acontece os fatos narrados) e o “tempo da escrita” (indica quando foi produzida a obra).

Espaço: o chamado “espaço cênico” determina o local em que será apresentado a história. Já o “espaço dramático” corresponde ao local em que serão desenvolvidas as ações dos personagens.

Personagens: segundo a importância, os personagens dos textos teatrais são classificados em: personagens principais (protagonistas), personagens secundários e figurantes.

Os textos teatrais são constituídos por dois textos:

  • Texto Principal: que apresenta a fala das personagens (monólogo, diálogo, apartes).
  • Texto Secundário: que inclui o cenário, figurino e rubricas.

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/texto-teatral/. Acesso em 09 de abril de 2021

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Características do conto popular

O conto é um gênero caracterizado por ser uma narrativa literária curta, tendo começo, meio e fim da história narrados de maneira breve, porém o suficiente para contar a história completa.

O conto possui elementos e estrutura bem marcados, sendo que o tipo de história pode indicar o tipo de conto que estamos lendo. Vamos aprender um pouco mais sobre esse gênero narrativo.

O conto apresenta as seguintes características:

Espaço delimitado: o local em que se desenvolve a história é delimitado, como uma determinada casa, rua, parque, praça. Isso acontece pelo fato de o conto ser uma narrativa breve, em que não é possível se falar em muitos espaços diferentes.

Tempo marcado: o tempo do conto é marcado. Isso quer dizer que é possível saber em que momento a história acontece. Esse tempo pode ser:

cronológico – quando as coisas acontecem numa sequência normal, de horas, dias, anos.

psicológico – quando as coisas não acontecem numa sequência normal, mas de acordo com a imaginação do narrador ou de um personagem.

Narrador: a história do conto é contada por um narrador, que pode ser:

narrador observador, aquele que conhece a história, mas não participa dela.

narrador personagem, aquele que além de narrar a história, também é um dos seus personagens.

narrador onisciente, aquele que conhece a história e todos os personagens envolvidos nela.

Personagens: o conto contém poucos personagens, porque como é um texto breve, não é possível incluir muitos participantes na história. Os personagens podem ser principais ou secundários.

Enredo: o conto apresenta sempre um enredo, que é um problema ou situação que dá origem aos acontecimentos de uma história. Ele pode ser:

linear – quando os fatos seguem uma sequência lógica, ou seja: apresentação, desenvolvimento, momento de tensão – clímax, e solução – desfecho.

não linear – quando os fatos não seguem uma sequência lógica, ou seja, em vez de começar pela apresentação do problema ou da situação, pode começar pela sua solução e os acontecimentos são narrados ao longo do conto.

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/conto/. Acesso em 09 de abril de 2021

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Atividade sobre a peça teatral “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna

O texto a seguir é um fragmento do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, uma peça teatral de fundo popular e religioso.

O trecho faz parte da cena do julgamento, na qual as personagens, após a morte, aguardam uma decisão quanto a seu futuro. O Encourado, que as recebe, manda o Demônio levá-las para o inferno. As personagens, aos gritos, resistem. Repentinamente, João Grilo, falando bem alto, diz que tem direito a um julgamento. As outras personagens o apoiam. Nesse momento, pancadas de sino começam a soar. O Encourado fica agitado.

JOÃO GRILO – Ah! pancadinhas benditas! Oi, está tremendo? Que vergonha, tão corajoso antes, tão covarde agora! Que agitação é essa?
ENCOURADO – Quem está agitado? É somente uma questão de inimizade. Tenho o direito de me sentir mal com aquilo que me desagrada.

JOÃO GRILO – Eu, pelo contrário, estou me sentindo muito bem. Sinto-me como se minha alma quisesse cantar.

BISPO, estranhamente emocionado. – Eu também. É estranho, nunca tinha experimentado um sentimento como esse. Mas é uma vontade esquisita, pois não sei bem se ela é de cantar ou de chorar.

Esconde o rosto entre as mãos. As pancadas do sino continuam e toca uma música de aleluia. De repente, João ajoelha-se, como que levado por uma força irresistível e fica com os olhos fixos fora. Todos vão-se ajoelhando vagarosamente. O Encourado volta rapidamente as costas, para não ver o Cristo que vem entrando. É um preto retinto, com uma bondade simples e digna nos gestos e nos modos. A cena ganha uma intensa suavidade de Iluminura. Todos estão de joelhos, com o rosto entre as mãos.

ENCOURADOde costas, grande grito, com o braço ocultando os olhos – Quem é? É Manuel?
MANUEL – Sim, é Manuel, o Leão de Judá, o Filho de Davi. Levantem-se todos, pois vão ser julgados.
JOÃO GRILO – Apesar de ser um sertanejo pobre e amarelo, sinto perfeitamente que estou diante de uma grande figura. Não quero faltar com o respeito a uma pessoa tão importante, mas se não me engano aquele sujeito acaba de chamar o senhor de Manuel.

MANUEL – Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me chamar também de Jesus, de Senhor, de Deus… Ele gosta de me chamar Manuel ou Emanuel, porque pensa que assim pode se persuadir de que sou somente homem. Mas você, se quiser, pode me chamar de Jesus.

JOÃO GRILO – Jesus?

MANUEL – Sim.

JOÃO GRILO – Mas, espere, o senhor é que é Jesus?

MANUEL – Sou.

JOÃO GRILO – Aquele Jesus a quem chamavam Cristo?

JESUS – A quem chamavam, não, que era Cristo. Sou, por quê?

JOÃO GRILO – Porque… não é lhe faltando com o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado.

BISPO – Cale-se, atrevido.

MANUEL – Cale-se você. Com que autoridade está repreendendo os outros? Você foi um bispo indigno de minha Igreja, mundano, autoritário, soberbo. Seu tempo já passou. Muita oportunidade teve de exercer sua autoridade, santificando-se através dela. Sua obrigação era ser humilde porque quanto mais alta é a função, mais generosidade e virtude requer. Que direito tem você de repreender João porque falou comigo com certa intimidade? João foi um pobre em vida e provou sua sinceridade exibindo seu pensamento. Você estava mais espantado do que ele e escondeu essa admiração por prudência mundana. O tempo da mentira já passou.
JOÃO GRILO – Muito bem. Falou pouco, mas falou bonito. A cor pode não ser das melhores, mas o senhor fala bem que faz gosto.

MANUEL – Muito obrigado, João, mas agora é sua vez. Você é cheio de preconceitos de raça. Vim hoje assim de propósito, porque sabia que isso ia despertar comentários. Que vergonha! Eu Jesus, nasci branco e quis nascer judeu, como podia ter nascido preto. Para mim, tanto faz um branco como um preto. Você pensa que eu sou americano para ter preconceito de raça?

PADRE – Eu, por mim, nunca soube o que era preconceito de raça.

ENCOURADO, sempre de costas para Manuel – É mentira. Só batizava os meninos pretos depois dos brancos.

PADRE – Mentira! Eu muitas vezes batizei os pretos na frente.

ENCOURADO – Muitas vezes, não, poucas vezes, e mesmo essas poucas quando os pretos eram ricos.

PADRE – Prova de que eu não me importava com cor, de que o que me interessava…

MANUEL – Era a posição social e o dinheiro, não é, Padre João? Mas deixemos isso, sua vez há de chegar. Pela ordem, cabe a vez ao bispo. (Ao Encourado.) Deixe de preconceitos e fique de frente.

ENCOURADOsombrio – Aqui estou bem.

MANUEL – Como queira. Faça seu relatório

JOÃO GRILO – Foi gente que eu nunca suportei: promotor, sacristão, cachorro e soldado de polícia. Esse aí é uma mistura disso tudo.

MANUEL – Silêncio, João, não perturbe. (Ao Encourado.) Faça a acusação do bispo. (Aqui, por sugestão de Clênio Wanderley, o Demônio traz um grande livro que o Encourado vai lendo.)”

Disponível em: http://diogoprofessor.blogspot.com/. Acesso em 10 de abril de 2021.



Atividade sobre o texto teatral O auto da Compadecida

1. O texto teatral e o texto narrativo apresentam semelhanças: tanto um quanto o outro narram fatos vividos por personagens em determinado tempo e lugar.

a) Qual é o fato principal desse texto?

b) Onde possivelmente ocorrem os fatos?

c) Qual é, aproximadamente, o tempo de duração dessa cena?

2. Há, no texto teatral, alguns trechos em letra do tipo diferente, ou seja, itálico, como, por exemplo:

“BISPO, estranhamente emocionado

Todos vão se ajoelhando vagarosamente

ENCOURADO, sempre de costas para Manuel”

Qual é a função desses trechos?

 3. O texto teatral é escrito para ser representado. Nessa cena, a variedade linguística predominante

a (   ) é técnica/com termos técnicos.  

b (   ) apresenta alguns termos regionais e populares.

c (   ) apresenta informações sobre um texto polêmico.

d (   ) histórica com termos que deixaram de ser usados.

4. Quando se lê um texto teatral, o leitor é o interlocutor do drama vivido pelas personagens. Quem é o interlocutor quando o texto teatral é representado?

5. O trecho destacado representa qual figura de linguagem?  Explique a intenção da personagem ao usar essa expressão?

“A cor pode não ser das melhores, mas o senhor fala bem que faz gosto.”

6. Na fala de João Grilo, percebe-se um sentido contrário e diferente. Qual é a figura de linguagem que representa essa fala?

a (   ) Eufemismo (suavizar a mensagem).

b (   ) Personificação/prosopopeia (atribuição de vida a seres inanimados).

c (   ) Ironia (representa justamente o sentido contrário).

d (   ) Metáfora (é uma representação não literal/sentido figurado).

O livro mágico

Há muito tempo, numa época em que as letras ainda falavam, existia um livro mágico carregado de surpresas e aventuras. Nele, todas as letras viviam felizes, porque aguardavam a grande assembleia. Consoantes e vogais se reuniam anualmente para formar novas palavras. Era uma alegria sem tamanho! Afinal, todas as palavras que existem hoje vieram daqueles encontros dentro do livro mágico.

Chegou o grande dia esperado por todas, o dia em que elas ganhariam novas combinações e formariam novas palavras para a nossa língua. Todas estavam ansiosas, menos a letra W que se considerava desnecessária, pois pouco era usada.

Mas para formar novas palavras, as letras precisavam dar uma volta ao redor do mundo, a fim de realizar descobertas e fazer novas amizades. E assim foi feito. Quando chegou a hora de retornar para o livro mágico, todas estavam felizes, pois haviam concretizado seus desejos e feito novas amizades. Inúmeras palavras foram criadas naquele dia. Entretanto, uma delas sentiu a falta do W, ele não havia retornado.

Então as letras resolveram fazer uma busca pelo mundo, foram em todos os lugares onde acreditavam que o W poderia estar. Foram ao Brasil, ao Chile, à Espanha, e nada. Finalmente, já no fim do dia, a letra T o encontrou numa pequena ilha, muito triste, no Tawian. O T foi logo perguntando:

 __ Por que você não foi com a gente de volta para o livro mágico?

 Enfaticamente a letra W respondeu:

 __ Sou desnecessário, pois sou pouco usado, as palavras não gostam de me utilizar, e quando me usam, é somente para substituir a letra U ou a letra V.

 __ Você é importante – retrucou o T, o alfabeto só se torna completo com as 26 letras, sem você, estaríamos truncados e tristes. Volte conosco, precisamos de você!

 A letra W pensou muito no que a letra T havia dito. Resolveu então voltar para o livro mágico e jurou diante de todo o alfabeto que algum dia encontraria uma palavra importante que fosse conhecida por todos os seres humanos.

Negrão, Agamenon Oliveira, Junho de 2018/Escola João Moreira Barroso/Adaptação de Maurício Araújo/São Gonçalo do Amarante-CE.

Disponível em: https://www.tudosaladeaula.com. Acesso em 09 de abril de 2021.

7. O conto

a) conta a história das letras que se reuniam para discutir sobre o livro mágico.

b) narra as aventuras dos livros mágicos e de suas letras cheias de surpresas.

c) conta a história empolgante de um livro mágico que pertencia ao mundo das letras.

d) narra a história de um livro mágico e de uma letra que vivia triste.

8. A letra W é personificada pois,

a) são atribuídas características humanas à letra W.

b) é uma letra do alfabeto.

c) serve para formar uma palavra.

d) é utilizada para formar diferentes palavras.

9. O conflito central do enredo é desencadeado

a) pela assembleia que acontecia anualmente.

b) pelo sentimento de inferioridade da letra W.

c) pela busca feita pelas letras ao redor do mundo.

d) pelo juramento feito pela letra W diante do alfabeto.

10. O desfecho do texto gira em torno de

a) uma aventura.

b) uma promessa.

c) um pacto.

d) uma descoberta.

  11. Observa-se, no conto literário, a predominância de qual tempo verbal? Por que isso ocorreu?

12. Retome as características do conto literário, observe o quadro das figuras de linguagem.

Continue o conto popular iniciado.

Elabore um título diferente.

       O macaco e a cotia

        O macaco foi dançar na casa da cotia; a cotia, de sabida, mandou o macaco tocar, dando-lhe uma rabeca. A cotia começou a dançar, e, no virar à roda, deu uma umbigada na parede e partiu o rabo. Todos os que tinham rabo ficaram vendo isto, com medo de dançar. Então, o preá disse:

       -“Ora, vocês estão com medo de dançar! Mandem tocar, e vão ver obra!”

        O macaco ficou logo desconfiado, e trepou-se num banco e pôs-se a tocar para o preá dançar. O preá deu umas voltas e foi dar sua umbigada no mestre macaco, que não teve outro jeito senão entrar também na dança das cotias e dos outros animais, e todos lhe pisaram no rabo. (…)

Se possível, clique aqui para imprimir ou baixar a atividade!