Uma nova ordem econômica: as demandas do capitalismo industrial e o lugar das economias africanas e asiáticas nas dinâmicas globais. | Os Estados Unidos da América e a América Latina no século XIX – 8º Ano – 6ª quinzena – 3º ciclo – AULA E IMPRESSÃO - 24/11/2020

Que bom ter você de volta!!


O Imperialismo ou Neocolonialismo surgiu no século XIX quando nações desenvolvidas iniciaram um processo de expansão territorial sobre outros locais na África, Ásia e Oceania.

Para compreender melhor essas práticas leia o texto a seguir:

IMPERIALISMO

          O Imperialismo é o nome dado para o conjunto de políticas que teve como objetivo promover a expansão territorial, econômica e/ou cultural de um país sobre outros. Esse termo pode ser usado para fazer menção a acontecimentos modernos, mas é comumente utilizado para se referir à política de expansão territorial e econômica promovida pelos países europeus em boa parte do planeta no século XIX.

          Esse último uso do termo Imperialismo também pode ser chamado de Neocolonialismo, pois foi um novo processo de colonização – dessa vez da África, Ásia e Oceania. Como o próprio nome já sugere, o Imperialismo foi responsável pela formação de gigantes impérios ultramarinos. O historiador Eric Hobsbawm aponta que durante o ciclo neocolonialista, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|. Hobsbawm também estipula, em dados estatísticos, quanto de território algumas das potências imperialistas conquistaram|2|:

          → Inglaterra: aumentou seu território em 10 milhões de km2

          → França: aumentou seu território em 9 milhões de km2

          → Alemanha: aumentou seu território em 2,5 milhões de km2

          → Bélgica e Itália: aumentou seu território em cerca de 2 milhões de km2

          O Imperialismo mudou totalmente a organização do mapa da Terra. Impérios existentes nos continentes ocupados foram destruídos e suas populações foram colocadas sobre uma cruel exploração de seu trabalho. O funcionamento do sistema imperial baseado na intensa exploração das colônias e suas populações levou muitos a criticarem intensamente esse sistema, entre os quais está George Orwell, escritor e jornalista britânico, ao afirmar que: “No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto, 100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição – um estado de coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num táxi ou come morangos com creme”|3|.

Causas do Imperialismo

          O Imperialismo é fruto do desenvolvimento do capitalismo, que nasceu com as transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução iniciou-se de maneira pioneira na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e foi responsável por inúmeras mudanças. Consolidou o modo de produção industrial como predominante em detrimento da produção manufatureira.

          Junto com a Revolução Industrial surgiram novas máquinas, novos meios de transporte, novos meios de comunicação, novas formas de explorar a produção e utilização de energia etc. A Revolução Industrial também trouxe inúmeras alterações nas relações de trabalho e na forma como o mercado internacional funcionava.

          A Revolução Industrial marcou o desenvolvimento das indústrias e foi responsável pelo surgimento de economias globais. A concorrência econômica gerou nas nações industrializadas uma intensa necessidade de obter fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores para adquirir as mercadorias produzidas.

          A obtenção de novos mercados consumidores é apontada por Eric Hobsbawm como o grande fator que empurrou as nações industrializadas – não só as europeias – para a ocupação de novos territórios. Segundo ele, naquela época, acreditava-se que a superprodução de mercadorias era algo solucionado por meio da obtenção de novos mercados consumidores|4|. Assim, a ocupação de novos territórios era vista como a solução para garantir o desenvolvimento de suas próprias economias.

Imperialismo na África

Imagem disponível em: https://escolaeducacao.com.br/imperialismo-e-neocolonialismo/Acesso em: 25 de set de 2020.

          Um dos lugares mais afetados pelo Imperialismo foi o continente africano, exatamente o local no qual foi iniciado o surto neocolonialista, na segunda metade do século XIX. O surto imperialista no continente africano deu-se por manifestação de três países, segundo afirma o historiador Valter Roberto Silvério|5|:

          → O interesse dos belgas sobre o Congo, localizado na África Central;

          → As expedições portuguesas com o intuito de expandir seus domínios no interior de Moçambique;

          → A política expansionista francesa sobre a África.

          Com a corrida sobre o continente africano, foi organizada em Berlim por Otto von Bismarck, primeiro-ministro alemão, a Conferência de Berlim. Essa conferência, organizada entre 1884 e 1885, tinha como objetivo organizar questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, além de organizar a divisão dos territórios conforme os interesses de cada país, entre pontos.

          A ocupação do continente africano – mas não só a dele – foi justificada como missão civilizatória e por meio dela as nações desenvolvidas levariam um modo de vida civilizado para os locais “atrasados” e “selvagens”. As justificativas também eram baseadas em ideais racistas que partiam do pressuposto de que o homem branco era naturalmente “superior”.

          Essas justificativas utilizadas pelas nações imperialistas, no entanto, eram utilizadas para encobrir os reais interesses que eram o de promover a exploração econômica dos locais ocupados. Importante mencionar que o processo imperialista na África foi acompanhado de movimentos de resistências que foram organizados pelas populações locais. Caso queira saber mais sobre, sugerimos a leitura deste texto.

           

Consequências

          O Imperialismo foi muito intenso entre 1884 e 1914, mas até a segunda metade do século XX existiam colônias europeias nos continentes mencionados. Entre as consequências deixadas pelo Imperialismo, destacam-se:

          → Demarcação de fronteiras artificiais que atualmente é motivo de tensão entre diversos países. Além disso, a criação de nações artificiais contribuiu para sua instabilidade política após conquistarem sua independência;

          → Problemas étnicos surgidos por conta da política imperialista nesses locais. Destaca-se o caso de tutsis e hutus, no antigo Congo Belga e atual Ruanda, e que resultou em um massacre em Ruanda, em 1994;

          → Violência da administração colonial dos europeus sobre as populações nativas. Novamente o Congo Belga é um destaque, pois a administração colonial dos belgas foi responsável pela morte de 10 milhões de pessoas;

          → Exploração intensa que legou a África uma pobreza severa etc.

|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.

|2| Idem nota 1.

|3| ORWELL, George. O caminho para Wigan Pier. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

|4| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 108.

|5| SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.

Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/imperialismo.htm Acesso em: 28 de set de 2020.

Vamos para as atividades!

Que incrível!!!

A História é importante porque é um processo de construção…

… ela ajuda a interpretar a situação presente.

Agora é hora de você verificar a sua aprendizagem

Mas antes, se possível, assista esse vídeo complementar ao conteúdo.

Atividades

  1. Com base na leitura do texto, com suas palavras, escreva um parágrafo sobre o que foi o imperialismo e o neocolonialismo.

    2. George Orwell, escritor e jornalista britânico, afirmou que: “No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto, 100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição – um estado de coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num táxi ou come morangos com creme”|3|. Nesse trecho ele critica qual sistema?

    3. O Imperialismo é fruto do desenvolvimento do capitalismo, que nasceu com as transformações causadas pela Revolução Industrial. Em relação as causas do imperialismo, marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as que são falsas.

    a. (  ) Consolidação do modo de produção industrial como predominante em detrimento da produção manufatureira.

    b. (  ) Surgimento de novas máquinas, novos meios de transporte, novos meios de comunicação, novas formas de explorar a produção e utilização de energia etc.

    c. (  ) Alterações nas relações de trabalho e na forma como o mercado internacional funcionava.

    d. (  ) Surgimento de economias globais.

    e. (  ) A concorrência econômica gerou nas nações industrializadas uma intensa necessidade de obter fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores para adquirir as mercadorias produzidas.

    4. A obtenção de novos mercados consumidores é apontada por Eric Hobsbawm como o grande fator que empurrou as nações industrializadas – não só as europeias – para a ocupação de novos territórios. Segundo ele, naquela época, acreditava-se que a superprodução de mercadorias era algo solucionado por meio da obtenção de novos mercados consumidores. Assim, a ocupação de novos territórios era vista como a solução para garantir o desenvolvimento de suas próprias economias. De acordo com o texto e as observações do mapa do imperialismo faça o inventário de quais países europeus conquistaram mais territórios e qual continente sofreu maior intervenção.

Mapa disponível em: http://www.mesalva.com/forum/t/neocolonialismo-e-conferencia-de-berlim/25883/2 Acesso em 29 de set de 2020.

5. Um dos lugares mais afetados pelo Imperialismo foi o continente africano, exatamente o local no qual foi iniciado o surto neocolonialista, na segunda metade do século XIX. De acordo com o texto e com a imagem a seguir, escreva com suas palavras como se deu a partilha da África.

Imagem disponível em: http://www.mesalva.com/forum/t/neocolonialismo-e-conferencia-de-berlim/25883/2 Acesso em: 29 de set de 2020.

Leia o texto a seguir


Doutrina Monroe

HISTÓRIA DA AMÉRICA: Tempos antes das tensões políticas que culminaram em uma guerra civil, os Estados Unidos viveram um momento de importantes definições. Entre elas, dá-se fundamental destaque à posição política do governo norte-americano em relação às demais nações do mundo. Foi quando, em 1823, o presidente James Monroe realizou um discurso oficial ao senado estadunidense que ficou conhecido como definidor das ações dos EUA frente os países latino-americanos e as antigas metrópoles coloniais.

          A chamada Doutrina Monroe, sob seu aspecto formal, pretendia postar a posição dos EUA enquanto liderança continental capaz de garantir a soberania das nações latino-americanas frente às potências europeias. Entre outros princípios, essa doutrina defendia que nenhuma nação americana poderia ser recolonizada. Além disso, pautava a autonomia econômica dessas mesmas nações, assinalando que a Europa não poderia interferir nos negócios estabelecidos pelas nações da América.

          Entretanto, esse princípio de autonomia e soberania política continental era contrário à necessidade que alguns líderes viam em ampliar as áreas de influência econômica dos EUA. Dessa forma, a postura de liderança acabou sendo reinterpretada como um meio pelo qual os Estados Unidos poderiam apoiar as nações latino-americanas com o claro interesse de fixar seus interesses econômicos.

          Um dos primeiros episódios que indicaram essa prática política aconteceu quando os EUA declararam guerra à Espanha alegando ser contrários à colonização de Cuba e Porto Rico. Em fevereiro de 1898, uma embarcação norte-americana explodiu no porto de Havana, capital de Cuba. A imprensa dos EUA logo se mobilizou em torno de uma campanha que atribuiu o fato às autoridades espanholas. Valendo-se de tais suspeitas, os EUA enviaram tropas militares para uma guerra que se deflagrou entre 1899 e 1901.

          Além de garantir a independência de Cuba, a vitória estadunidense sobre os espanhóis ainda rendeu a conquista sobre as Filipinas, a ilha de Guam, e da região de porto Rico. A recém-independente nação cubana ainda teve que aceitar a incisão de um artigo em sua constituição conhecido como Emenda Platt. Nela, os EUA teriam o direito de preservar uma base militar na região de Guantânamo e o direito de intervir nos assuntos políticos cubanos.

          Ao longo do século XX, o nada coerente princípio de autonomia da Doutrina Monroe fora manchado com mais uma ação imperiosa dos EUA. Em 1903, os EUA ajudaram militarmente o Panamá a conquistar sua independência em relação à Colômbia. Em troca, barganharam o direito de construir um canal que ligaria os oceanos Atlântico e Pacífico. O canal, que renderia grandes quantias por sua importância econômica e geográfica, ficou durante décadas sendo exclusivamente administrado pelos EUA.

          Dessa maneira, o discurso de James Monroe (onde defendia a “América para os americanos”) parecia reafirmar uma perspectiva que olhava positivamente para a ação dos EUA. Ao longo do século XX, o intervencionismo ganhou novas interpretações como o Corolário Roosevelt ou o princípio de guerra preventiva, defendido por George W. Bush.

SOUSA, Rainer Gonçalves. “Doutrina Monroe”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/doutrinamonroe.htm. Acesso em 25 de setembro de 2020.

Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/doutrinamonroe.htm acesso em: 29 de set de 2020.

          Sintetizando o Imperialismo norte-americano é uma referência ao comportamento autoritário de influência militar, cultural, política, geográfica e econômica dos Estados Unidos sobre os outros países. É por meio dessa prática que sucessivos governos dos EUA mantêm o controle econômico de diversas nações. No caso dos Estados Unidos, o imperialismo está enraizado na crença do diferencial em relação aos demais países do mundo em que teria como missão a difusão dos ideais de liberdade, a igualdade e a democracia. Conforme representado na síntese a seguir:

Disponível em: http://www.mesalva.com/forum/t/neocolonialismo-e-conferencia-de-berlim/25883/2 Acesso em 29 de set de 2020.

Agora faça a revisão de todo esse conteúdo e dê sua opinião…

Então vamos lá…

6. Com base em todas essas informações e outros conhecimentos já adquiridos faça uma análise crítica das políticas e práticas intervencionistas adotadas pelo governo norte-americano na América Latina, no passado e no presente.

Que legal!

Chegamos ao final de mais uma aula

Ah!! Não se esqueça de imprimir a sua atividade.

8º HIS 6ª quinzena



Valeu Galera!

Até a próxima aula.