ATIVIDADE 13 – Uso, poluição, gestão e comércio da água na América Latina - 17/08/2021

América Latina: a mais urbanizada do mundo, mas não a mais planejada

É a cidade perfeita. Não há quase crime, nem engarrafamentos, nem contaminação ou sujeira, e o lixo é recolhido a tempo. O transporte público é pontual e sempre há onde se sentar. É o triunfo do planejamento urbano.
A boa notícia: há várias cidades do mundo que poderiam competir pelo título de a “mais planejada”; a má: que nenhuma é latino-americana, ao menos por enquanto.
Zurique, Singapura, Seúl, Búfalo (em Nova York) aparecem constantemente nas discussões e rankings especializados como as cidades mais planejadas do mundo. E o que as une é justamente a ideia de que a cidade é o “lar” de seus residentes e que está ali para servi-los, e não para atuar como um inimigo.
Isto cobra particular relevância na América Latina, a região mais urbanizada do mundo, onde 80% da população – cerca de 450 milhões de pessoas- vivem nas cidades.
Enquanto a falta de segurança aparece sistematicamente entre as principais preocupações dos latino-americanos, há outro tipo de insegurança da qual se fala pouco mas que também supõe uma ameaça para o bem-estar dos cidadãos. Trata-se, efetivamente, da estrutura e organização das cidades.
Os avanços sociais e econômicos da América Latina durante a última década não vieram acompanhados de um melhor planejamento dos grandes centros urbanos, e alguns resultados visíveis são o caótico transporte privado e público, a rápida urbanização sem respeito aos códigos de construção, a deficiente prestação dos serviços públicos e a deterioração dos espaços, entre outros.
Esta situação também gerou problemas para enfrentar eventualidades naturais, como o foi o recente incêndio em Valparaíso, no Chile, as recorrentes inundações em Buenos Aires ou os frequentes desabamentos de terra nas favelas do Rio de Janeiro. De acordo a estimativas do Banco Mundial, as consequências dos fenômenos naturais representam um custo para a região de dois bilhões de dólares anuais.

O déficit em planejamento das cidades se destaca ainda mais quando surgem as seguintes estatísticas: para 2025, 10% da população mundial viverá em apenas 37 cidades. Por isso, arquitetos, geógrafos, engenheiros e governos da região têm o desafio de planejar com eficiência seus centros urbanos para convertê-los em locais mais habitáveis e seguros.

“Na América Latina deveríamos passar por um planejamento mais estratégico e sustentável que, por um lado, mitigue (diminua) problemas existentes, como o risco de deslizamentos em morros ou falta de capacidade nos sistemas de drenagem, e por outro, que adapte as cidades para que sejam mais resilientes em relação às ameaças climáticas”, explica Santiago E. Arias, especialista em planejamento urbano do Banco Mundial.

Os mais expostos

As ameaças à segurança nas cidades não provêm apenas dos efeitos dos desastres naturais, mas também têm a ver com a construção improvisada: por exemplo, ao construir casas em morros com risco de deslizamentos ou ao lado de rios que costumam transbordar após fortes chuvas.
Embora a maior parte dos habitantes das cidades estejam expostos a esta série de perigos, são os mais pobres que estão expostos à pior parte, já que geralmente vivem em casas mais precárias e desprotegidas. Segundo um relatório de ONU-Habitat de 2012, ao redor de 111 milhões de latino-americanos vivem em bairros marginais.
Como forma paliativa (superficial) de diminuir os riscos que espreitam este amplo grupo de pessoas, vários países da região estão desenvolvendo projetos para reforçar a segurança nas zonas com habitantes vulneráveis. A iniciativa CAPRA, por exemplo, tenta melhorar as formas de avaliar as ameaças climáticas na Colômbia, Peru, Chile e países da América Central e do Caribe.
O Centro de Inovação Climática do Caribe também está ajudando para que países pequenos da região estejam melhor preparados para enfrentar os efeitos da mudança climática, através da criação de empresas sustentáveis.
De qualquer forma, os especialistas concordam que ainda faz falta um planejamento urbano que integre todos os setores para fazer das cidades latino-americanas locais mais seguros.
“Muitas cidades da América Latina sofrem os piores casos de congestionamentos do mundo. Os problemas de água e saneamento foram um grande problema nas periferias. A mudança climática aumentará os problemas de acesso à água na região”, afirma Xiaomei Tan, especialista do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF, em inglês).
Estudos do Banco Mundial apontam que territórios propensos às secas, especialmente em cidades do Chile, México, Guatemala e El Salvador, serão ainda mais secos. Da mesma maneira, zonas com risco a inundações, como Argentina, Peru e Uruguai, deverão enfrentar chuvas mais intensas.
As cidades latino-americanas dependerão de um melhor planejamento para que estas projeções tão pouco alentadoras não se cumpram, e permaneçam só como maus presságios.

Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/18/internacional/1397834294_310921.html
Acesso em: 26 de ago de 2020.

América Latina: muita água, desperdício e pouco saneamento

(Brasília, 06/06/2017) – Cerca de 6 bilhões de pessoas viverão em cidades sem água suficiente até 2050, se não houver uma mudança significativa no padrão atual de consumo e na gestão das águas. À medida que a população cresce, aumenta a necessidade de abastecimento e de saneamento. Nesse contexto, a América Latina tem papel importante, já que reúne cerca de um terço das fontes de água do planeta e possui, entre outras, a maior bacia hidrográfica do mundo, a Amazônica.
Apesar disso, a irregularidade no abastecimento de água e no saneamento básico faz com que esses serviços muitas vezes não cheguem àqueles que precisam. O panorama das águas na América Latina é tema da segunda matéria da série sobre os desafios relacionados à água.
Em toda a América Latina, a contaminação das fontes de água é uma ameaça constante. Agricultura, mineração e esgoto doméstico são as principais fontes de poluição. Somente 5 por cento do esgoto recebe algum tipo de tratamento antes de ser devolvido ao meio ambiente, estima a Rede Waterlat. Aprender a reutilizar a água, especialmente no setor agrícola, que é o maior consumidor de água do mundo, é uma das soluções para amenizar a crise hídrica.
Brasil, Colômbia e Peru encabeçam a lista de países que contam com a maior quantidade de água da América Latina, segundo o Global Water Partnership (GWP). Mas não significa que haja água para todos. Em Lima, São Paulo e Cidade do México, por exemplo, a demanda pelo recurso é grande e parte da água potável é desperdiçada pelo uso ineficiente e instalações precárias, agravando a crise hídrica que se anuncia.

A falta de estrutura na rede de esgoto sanitário brasileiro é o principal problema das águas superficiais brasileiras. Relatório do Instituto Trata Brasil divulgado nessa segunda-feira (5) apontou que 24 capitais brasileiras não tratam mais de 80 por cento dos seus esgotos (somente Brasília 82 por cento e Curitiba 91 por cento), e que as grandes cidades do Norte ocupam as últimas colocações do ranking do saneamento.
“Essas 26 grandes cidades abrigam quase um quarto da população do país, é esperado que tenham os maiores desafios para levar os serviços de água e esgotos à totalidade da população. São as que têm mais condições de fazer projetos e levantar recursos para a solução. E isso não vem ocorrendo”, disse Édison Carlos, presidente do Trata Brasil.
Apesar de dispor de 12 por cento das reservas de água do planeta, o Brasil ainda enfrenta dificuldades com a qualidade e a distribuição da água. O país fica em um modesto 23º lugar mundial no que diz respeito à disponibilidade de água por pessoa, atrás de muitos países latino-americanos.

Disponível em: http://8.worldwaterforum.org/pt-br/news/américa-latina-muita-água-desperdício-e-pouco saneamento#:~:text=Em%20toda%20a%20América%20Latina,ambiente%2C%20estima%20a%20Rede%20Waterlat.
Acesso em: 02 de jul de 2021

ATIVIDADES

1. Qual classe social é a mais exposta aos vários riscos e problemas urbanos segundo o texto? Em termos de localização da moradia, por que isso acontece?

2. Com suas palavras e de acordo com o texto, qual é a importância do planejamento das cidades para a manutenção do bem estar da população que ali reside e coexiste?

3. O processo de urbanização está diretamente ligado à industrialização das sociedades. Percebe-se tal afirmação no fato de cada uma das sucessivas revoluções industriais terem sido acompanhadas por sucessivas explosões demográficas em diversas cidades do mundo. Sobre o processo de urbanização associado à industrialização, julgue as afirmações abaixo com V (para verdadeiro) e F (para falso).

I. ( ) A I Revolução Industrial foi caracterizada pela forma democrática com que ocorreu, distribuindo-se por todos os grandes países do mundo, que passaram por acentuados índices de urbanização das suas cidades.

II. ( ) A urbanização é um processo mais recente nos países subdesenvolvidos em virtude da industrialização tardia de suas economias.

III. ( ) A III revolução industrial foi a grande responsável pela urbanização de países subdesenvolvidos, pois possibilitou a presença de indústrias estrangeiras nesses países e elevou o índice de pessoas em busca de empregos nas cidades.

IV. ( ) A Ásia Meridional e a África Subsaariana foram as primeiras regiões do mundo a se urbanizarem depois da Europa.

4. Leia o texto abaixo e assinale a alternativa correta:


A América Latina vai atingir uma taxa de urbanização de 90% até 2020, segundo um estudo inédito do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (Onu-Habitat), divulgado na manhã desta terça-feira 21. Os dados mostram que a América Latina e o Caribe são as regiões mais urbanizadas do mundo, embora uma das menos povoadas em proporção territorial. Na área, cerca de 80% das pessoas mora em cidades hoje, número superior ao de países desenvolvidos. Metade da população urbana vive em cidades com menos de 500 mil habitantes (222 milhões de indivíduos) e 14% nas megacidades (65 milhões).

Carta Capital, 21/08/2013. América Latina atingirá 90% de urbanização até 2020. Disponível em:

A América Latina intensificou sua urbanização a partir da segunda metade do século XX, tal processo caracterizou-se
a) ( ) pelas migrações em massa das populações mais pobres de países subdesenvolvidos.
b) ( ) pelas baixas condições de vida da maior parte da população no espaço das grandes cidades.
c) ( ) por ter sido um processo lento, gradual e planejado.
d) ( ) por refletir os avanços econômicos e os sucessivos crescimentos das riquezas produzidas por nações como Brasil e Argentina.

Leia o texto abaixo e responda às questões assinalando a alternativa correta:


Segundo o Relatório Mundial de Acompanhamento 2013 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sobre a América Latina e Caribe, a urbanização é um estímulo importante para retirar os cidadãos da pobreza e promover o desenvolvimento. O documento avalia o progresso dos países da região no alcance dos ODM.
Levando em conta que mais de 80% dos bens e serviços mundiais são produzidos nas cidades, os países com elevados níveis de urbanização, desde a China até os da América Latina, desempenharam um papel essencial na redução da pobreza. No entanto, o relatório adverte que, se a urbanização não for administrada de modo adequado, também poderá gerar um crescimento descontrolado de favelas, doenças e delinquência.[…]
As áreas urbanas oferecem empregos mais bem remunerados e serviços básicos. Por esta razão, os pobres rurais estão dispostos a migrar e pagar para ter acesso a serviços essenciais. No Brasil, os trabalhadores rurais, cujo salário mínimo é de cerca de sete reais por hora, estavam dispostos a migrar e pagar 420 reais por ano para acesso a melhores serviços de saúde, 87 reais por água limpa e 42 reais por eletricidade.

Organização das Nações Unidas no Brasil. Urbanização adequada pode reduzir pobreza na América Latina e Caribe, diz ONU. Disponível em ONU.org

5. A frase do texto “os pobres rurais estão dispostos a migrar e pagar para ter acesso a serviços essenciais”
assinala o processo de
a) ( ) migração “rururbana”.
b) ( ) urbanização planejada.
c) ( ) êxodo rural.
d) ( ) urbanização do meio agrário.

6. O processo de favelização das cidades realiza-se em virtude
a) ( ) da urbanização má planejada ou desordenada.
b) ( ) da falta de empregos.
c) ( ) da ausência de espaços nas cidades.
d) ( ) da carência dos recursos públicos.

Leia o texto a seguir para responder a questão 7.


“Verão de 2015. As filas para pegar água se espalham por vários bairros. Famílias carregam baldes e aguardam a chegada dos caminhões-pipa. Nos canos e nas torneiras, nem uma gota. O rodízio no abastecimento força lugares com grandes aglomerações, como shopping centers e faculdades, a fechar. As chuvas abundantes da estação não vieram, as obras em andamento tardarão a ter efeito e o desperdício continuou alto. Por isso, São Paulo e várias cidades vizinhas, que formam a maior região metropolitana do país, entram na mais grave crise de falta d’água da história”.

CALIXTO, B.; IMERCIO, A. Crise da água em São Paulo: Quanto falta para o desastre? Blog do Planeta, Revista Época, 2014.
Disponível em:http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta . Acesso em: 20 mar. 2015.

7. O texto acima realiza uma previsão pessimista feita em 2014 para o ano de 2015. A previsão, nos termos exatos apresentados, não se confirmou, mas a escassez hídrica sim. A crise da água em São Paulo tornou-se de conhecimento público a partir
a) ( ) da diminuição drástica dos níveis do Sistema Cantareira, o principal da cidade.
b) ( ) da poluição e consequente inutilização do Rio Tietê e de todas as reservas hídricas locais.
c) ( ) do crescimento da população que fez com que o consumo se tornasse maior do que a capacidade de reposição das reservas.
d) ( ) da opção pela utilização do chamado “volume morto”, que contaminou todas as reservas hídricas então disponíveis.

Leia o texto a seguir para responder a questão 8.

Crise pode prolongar-se por tempo indeterminado


Cientistas advertem para necessidade de “estar preparado”. Medidas preventivas como reúso não foram
adotadas e floresta amazônica, responsável pela formação das chuvas no Sudeste, continua ameaçada.

CAPAZZOLI, U. Scientific American Brasil. Ed. Especial Água, nº 63. Ediouro-Duetto Editorial, 2015. p.06

A relação citada no trecho acima entre a floresta amazônica e as chuvas no Sudeste acontece por meio
a) ( ) do deslocamento das massas de ar seco do Sudeste para a região Norte.
b) ( ) do abastecimento do Oceano Atlântico pelo Rio Amazonas.
c) ( ) da atuação dos “rios voadores” da Amazônia por todo o Brasil.
d) ( ) do aumento das temperaturas provocado pela queima da floresta.

Leia o texto a seguir para responder a questão 9.


“O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em
extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Além disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas
abundantes durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e densa
rede de rios, com exceção do Semiárido, onde os rios são pobres e temporários”.

Instituto Socioambiental. Água: o risco da escassez. Março de 2005. Disponível em: . Acesso em: 20/03/2015.

9. Apesar de ser considerado como uma potência hídrica sob o ponto de vista territorial, o Brasil passou a sofrer com uma grave escassez de água que se transformou em crise.

Dentre os fatores que ajudam a explicar essa questão, podemos citar

I. ( ) a gestão incorreta e a poluição dos recursos hídricos disponíveis.

II. ( ) a má distribuição da água em território nacional.

III. ( ) a remoção da vegetação em áreas pluviais e cabeceiras de rios.

IV. ( ) o uso indevido dos sistemas de abastecimento.

V. ( ) o histórico da falta de chuvas nos últimos vinte anos em todo o país.

São corretas as afirmativas

a) ( ) I, III e V. b) ( ) II, III e IV. c) ( ) I, IV e V. d) ( ) I, II, III e IV.

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