Conto – 2ª SEMANA – Língua Portuguesa – 9° Ano - 12/08/2020

Bem vindos para mais uma aula pessoal!

I – OBJETO DE CONHECIMENTO:  Análise das formas de composição dos textos narrativos; os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso; discurso direto, indireto; Gênero: Conto

 

II- ATIVIDADES:

 

         O ASSALTO

         Carlos Drummond de Andrade

         Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:

    — Isto é um assalto!

        Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?

    — Um assalto! Um assalto!

    — A senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou, multiplicando a notícia.                   Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.

       Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto.

      Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?

  — Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!

      O ônibus na rua transversal parou para assuntar.            Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:

  — No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa.

      Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar. Outros ônibus pararam, a rua entupiu.

  — Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.

   — É uma mulher que chefia o bando!

   — Já sei. A tal dondoca loira.

   — A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.

   — Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.

   — Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!

   — Vai ver que está caçando é marido.

   — Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!

   — Sangue nada, é tomate.

       Na confusão, circularam notícias diversas.

      O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.

    Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar.

    Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta.      Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:

  — Pega! Pega! Correu pra lá!

  — Olha ela ali!

  — É um mascarado! Não, são dois mascarados!

     Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar no chão geral, e como não havia espaço uns caíam por cima de outros.

     Cessou o ruído, Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?

  — Olha, um menino tocando matraca! E a gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!

      Caíram em cima do garoto, que sorveteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:

  — É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!

Disponível em: https://leituramelhorviagem.files.wordpress.com/2013/05/texto-para-leitura_o-assalto-carlos-drummond-de-andrade.pdf  Acesso em: 07 de  jul. 2020.

     Após a leitura do texto, resolva os itens a seguir.

 

1)Qual o assunto do texto “O assalto” de Carlos Drummond de Andrade?

 

2)Na fala da gorda senhora “Isto é um assalto! ” Qual o sentido dado à palavra “assalto”, no texto?

 

3)“Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la. ” De acordo como o trecho, responda:

 

a) De quem era a voz que subia pelo mar de barracas?
b) A que foi comparada essa voz que subia do mar de barracas?
c) Explique a expressão “mar de barracas” destacada no trecho.

Atividades de nº 1,2 e 3 disponíveis em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=10274

Acesso: 06, jul. 2020. (Adaptadas)

4)No trecho: “ Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:

        — Pega! Pega! Correu pra lá! “

            No trecho acima, identifique:

a)um verbo de elocução.

b)um discurso direto.

c)Um registro informal da língua, de marca da oralidade.

5)O texto conta uma história curta, apresenta elementos tradicionais da narrativa como: personagens, tempo, espaço e enredo. Levando em conta esses elementos, pode-se afirmar que o texto pertence ao gênero:

a)( ) conto.

b)( ) notícia.

c)( ) romance.

d)( ) fábula.

 

6)“Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:

       — Isto é um assalto!

           Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram.”

 

        Ao analisar o texto e o trecho acima, levando em consideração que o foco narrativo se define pela perspectiva por meio da qual o narrador opta para relatar os acontecimentos inerentes ao enredo, é correto afirmar que o narrador:

a)( ) não participa ativamente dos fatos relatados, mas conhece toda a história, detalhadamente, narrando-os em 3º pessoa.

b)( ) descreve os acontecimentos, abordando as sensações e os sentimentos das personagens, em 1º pessoa.

c)( ) participa ativamente dos fatos narrados, ou seja,  é um dos personagens da história.

d)( ) se torna também um personagem, assumindo a condição de narrador protagonista.

 

7)De acordo com o texto, é CORRETO afirmar que:

 

a) ( ) o alto preço dos gêneros alimentícios, como o chuchu e o tomate, é comparável a um roubo sofrido pelos feirantes.

b) ( ) os chamados “boatos” têm sempre algum fundamento, corroborando a expressão popular: “o povo aumenta, mas não inventa”.

c) ( ) o assalto, em local de intenso movimento de pessoas, gera danos apenas pela convulsão coletiva e não pelo bem subtraído.

d) ( ) a comunicação espontânea entre as pessoas transmite informações nem sempre bem fundamentadas.

Disponível em: http://www.pgp.ufv.br/wp-content/uploads/2018/01/PROVA-ASSISTENTE-DE-LABORATORIO-sem-capa.pdf Acesso: 07 de jul. 2020 (adaptada)

8)De acordo com o texto, das notícias que circularam, a única verdadeira é:

 

a)( ) Um menino tocava matraca.

b)( ) Tem um assalto ali adiante!

c)( ) Era uma mulher que chefiava o bando.

d)( ) Morreram no mínimo duas pessoas.

 

9)”… Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:

         — Pega! Pega! Correu pra lá!

       No trecho, a repetição do verbo destacado tem como sentido

a)( ) tornar sem importância a ideia.

b)( ) trazer oposição da ideia.

c)(  ) evidenciar a ideia.

d)( ) reduzir a ideia.

 

10)Agora elabore o seu próprio conto, considerando a estrutura desse gênero (introdução, desenvolvimento, clímax, conclusão), bem com as suas características (personagens, tempo, espaço e enredo).

         Conte uma história em que os fatos não ocorreram exatamente como foram contados, havia muitas inverdades ali. Ao redigir seu texto, você poderá decidir:  quem são os personagens, quando ocorreu a história, onde, se você participou ativamente, ou se você é apenas aquele que viu os acontecimentos, tem ciência de todos os detalhes, até mesmo dos pensamentos e emoções dos personagens, mas não participou dos fatos.

 

Após a produção, releia o seu texto, verificando a sequências das ideias, a coerência, a pontuação. Faça correções gramaticais e ortográficas, bem como de concordância, caso estas sejam necessárias.

Por hoje é só pessoal! Lembrem-se fiquem em casa e lave bem as mãos!


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