Novelas – 8 ª Semana – Língua Portuguesa – 7 ° Ano - 18/06/2020

sejam Bem vindas e bem vindos
para mais uma aula de
língua portuguesa

Hoje continuaremos a falar sobre…

Novelas

Vamos começar a aula de hoje fazendo uma atividade

TEXTO 1

Observe a imagem abaixo, e depois responda as atividades.

Disponível em: http://www.ufrgs.br/revistabemlegal/edicoes-anteriores/Vol%2C6%20n.2/reflexoes-sobre-a-unidade-familiar-uma-proposta-didatica-sobre-vidas-secas Acesso em 02 de jun. de 2020.

01) Pela expressão facial do desenho, você considera essa uma família feliz? Por quê?

02) Essa família representa alguma região brasileira? Você acha que ela vive no mundo rural ou urbano?

03) Essa imagem representa a obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Você leu ou teve algum contato com essa obra? Conhece o autor?

     A obra Vidas Secas narra a história de uma família de retirantes obrigada a deixar seu espaço atingido pela seca. O vaqueiro Fabiano, sua mulher – Sinhá Vitória – e os dois filhos – denominados apenas menino mais velho e menino mais novo – constituem a família de retirantes. Com eles vão a cachorra Baleia e um papagaio. Passam parte do tempo em uma fazenda. Julgando-se explorados pelo patrão e percebendo que vão enfrentar mais um período de seca, acuados pela miséria, Fabiano e sua família recomeçam a vagar pelo sertão.

Capítulo 1 – Mudança: Parte I

     Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.

     Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

     Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

     – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.

     Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.

     A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

     – Anda, excomungado.

     O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.

     Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis.

     E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande.

     Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam.

     Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal.

     Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na caatinga. Sinhá Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula.

     Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.       

Disponível em: http://www.metavest.com.br/livros/Vidas-Secas.pdf Acesso em 02 de jun de 2020

Agora responda essas atividades

Se liga na dica: escreva as respostas no seu caderno

4) O narrador procura usar variantes regionais para apresentar a história social, a cultura, a formação escolar e a precariedade do grupo a que pertence a família de Fabiano. Procure as palavras da primeira coluna no texto e depois, associe-as à segunda, de acordo com o sentido que elas adquirem nele:

(A) escanchado no quarto

(B) cambaio

(C) aió

(D) fustigar

(E) seixo

(F) caatinga

(G) rês                

(   ) desferir golpes, cutucar

(   ) qualquer quadrúpede cuja carne serve para alimento

(   ) pedra pequena

(   ) vegetação típica do nordeste

(   ) com as pernas fracas e tortas

(   ) bolsa de caça feita de fibras de caroá

(   ) pendurado nos quadris

5) Procure no texto, palavras e expressões que apontam para o cenário em que se passa a narrativa.

6) Por que o papagaio, assim como toda a família, não falava, só “aboiava” (chamava) o gado e imitava a cachorra Baleia? Procure uma frase do texto que comprove a sua resposta.

7) Transcreva do texto uma passagem que sinaliza para uma outra realidade vivida pela família e que contrasta com a sua condição de retirantes.

8) Fabiano chega a considerar a hipótese de abandonar o filho à própria sorte, mas desistiu de levar à frente essa ideia. Leia os trechos e, identifique os que comprovam a razão de sua desistência, marcando (C) para CERTO e (E) para ERRADO.

( ) “Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos”.

( ) “[…] o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos”.

( ) “Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto.”.

( ) “Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores.”

(   ) “Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato”.

9) Diante dos problemas sociais, a vida da família relatada no livro “Vidas Secas” é realmente seca. Isso acontecia porque se trata de uma vida

A) ( ) tranquila

B) ( ) sub-humana

C) ( ) alegre

D) ( ) normal

10) Dentre as opções abaixo, assinale aquela que está correta e mais completa em relação ao enredo de “Vidas Secas”.

A) ( ) Ele conta a história de quatro pessoas e uma cachorrinha pelo sertão nordestino à procura de um lugar para morar.

B) ( ) Ele conta a história de uma família de quatro pessoas e um papagaio pelo sertão nordestino em busca de uma nova vida.

C) (  ) Ele conta a história de uma família de quatro pessoas.

D) ( ) Ele conta a história de uma família de quatro pessoas, um papagaio e uma cachorrinha a caminhar pelo sertão em busca de uma vida melhor.

11) Entre as principais características de Vidas Secas, podemos citar:

A) (  ) Foco no nordestino, mostrando os problemas como a seca, a migração e a miséria do trabalhador rural.

B) ( ) Presença de figuras de linguagem como metáfora, prosopopeia e zoomorfização.

C) ( ) Foco narrativo em terceira pessoa.

D) ( ) Todas as anteriores.

12) Todos sabem que narrar é contar um fato ou uma sucessão de fatos para construir uma história. O foco narrativo desta narrativa

A) ( ) está em 1ª pessoa, pois o narrador é observador.

B) ( ) está em 3ª pessoa, pois trata-se de narrador observador.

C) ( ) está em 1ª pessoa, ou seja, apresenta narrador personagem.

D) ( ) está em 3ª pessoa, isto é, o narrador é personagem.

Disponível em: http://www.ufrgs.br/revistabemlegal/edicoes-anteriores/Vol%2C6%20n.2/reflexoes-sobre-a-unidade-familiar-uma-proposta-didatica-sobre-vidas-secas Acesso em 02 de jun. de 2020.

Disponível em: https://pt.slideshare.net/dpport/interpretao-de-texto-vidas-secas Acesso em 02 de jun. de 2020.

     O texto a seguir é um fragmento da obra “Olhai os lírios do campo”, de Érico Veríssimo. Ela narra a história de Eugênio, um jovem e ambicioso médico que, ao se casar por interesse com Eunice, mulher rica, fútil e vazia, abandona Olívia, sua realmente amada, dedicada e desprendida colega da faculdade. Ao longo do romance, dá-se as transformações das emoções e experiências sentidas e vividas por Eugênio, enquanto a figura de Olívia se destaca em virtudes humanas. O fragmento é uma das muitas reflexões que Olívia, em sua grande sabedoria, tece na obra em questão.

Texto 2

     “Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?

     Quero que abra os olhos, Eugênio, que acorde enquanto é tempo. Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas o Sermão da Montanha. Não te será difícil achar, pois a página está marcada com uma tira de papel. Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que não trabalham nem fiam, e no entanto, nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles. Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.

     Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo devia viver narcotizado pela esperança da felicidade na “outra vida”. Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos de fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão. Considera a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.

     Quando falo em conquista, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação.

     E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar. Precisamos, portanto, de criaturas de boa vontade.”

(Érico Veríssimo, Olhai os Lírios do Campo)

Disponível em: http://aprendendoportuguescomblogs.blogspot.com/2013/06/olhai-os-lirios-do-campo.html Acesso em 02 de jun. de 2020.

13) De acordo com o texto, qual é a ideia principal apresentada?

14) De acordo com o autor do texto, quando se deve olhar os lírios do campo e as aves do céu?

15) No trecho “E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.” Qual o sentido que as conjunções sublinhadas estabelecem, respectivamente:

A) ( ) Tempo e finalidade.

B) ( ) Tempo e adversidade.

C) ( ) Causa e adversidade.

D) ( ) Causa e finalidade.

16) Em “Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo…” a palavra destacada foi acentuada pelo mesmo motivo que

A) ( ) Eugênio

B) ( ) época

C) ( ) há

D) ( ) indispensável

17) Em “Quero que abras os olhos, Eugênio, que acordes enquanto é tempo.” Por que as vírgulas foram utilizadas?

18) Assinale abaixo, a alternativa que apresenta o significado correto da palavra em destaque:

A) ( ) “É indispensável que conquistemos este mundo,…” (imprescindível)

B) ( ) “…que acordes enquanto é tempo.” (despertar de sono ou sonho)

C) ( ) “Estive pensando na fúria cega…” (privada da vista)

D) ( ) “Os homens deviam ler e meditar esse trecho,…” (determinar, verificar)

19) Em qual pessoa está a voz do narrador?

20) O livro de Erico Veríssimo é uma narração:

A) (  ) de fadas.

B) (  ) de contos maravilhosos.

C) (  ) de ficção científica.

D) ( ) de memória.

Produção de texto: agora você vai escrever a estrutura de uma novela

Dicas:

→ Organize as ideias: descreva o conflito principal em poucas palavras (garoto encontra garota, catástrofes naturais e uma família, etc). Escreva também um breve resumo da ideia, como se fosse contá-la para alguém. 

→ Busque escrever de forma livre, sem medo de precisar corrigir e refazer alguns pontos no final. Procure colocar no papel o cenário já com as cenas, imbricando as personagens em situações, encontros e momentos.

→ Defina as personagens, principais e secundários. As situações e os problemas criados para desenvolver a história devem estar relacionados com a personalidade e a postura do personagem. Mas lembre-se de que, os personagens não precisam ter suas características tão bem descritas, mas precisam apresentar atitudes que levam o leitor a identificar algumas características ao longo da obra.

→  Elabore os capítulos: uma novela não precisa conter muitos capítulos, mas é necessário que exista uma divisão para que os pequenos conflitos conduzam a história ao clímax (o momento de maior intensidade da obra). 

→ Caso sua novela possua diferentes núcleos, como “pobre” e “rico”, busque desenvolvê-los em cada sessão separada, pois muitas vezes esses núcleos não estão conectados diretamente e possuem problemas autônomos.

→ Finalização Após desenvolver a livre escrita, reler sua obra e fazer os ajustes necessários, forneça algumas cópias a amigos que possam opinar. Essa atitude permite identificar possíveis lacunas e problemas de compreensão do conteúdo, solucionando-os antes da divulgação. 

→ Outro passo importante é nomear sua novela de acordo com o conteúdo. O título pode ser o fator de atração que levará uma pessoa a ler sua obra ou assistir a novela adaptada.

Disponível em: http://blog.autografia.com.br/voce-sabe-como-escrever-uma-novela/ Acesso em 22 de maio de 2020.

Por hoje é só, pessoal!
Fiquem em casa e lavem bem as mãos!



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